quarta-feira, 28 de outubro de 2009

De Volta para o Presente

Atos 2.42-47
Quando eu leio esse texto, algumas perguntas me vêem à mente: Esse padrão de comportamento dos antigos cristãos, seu estilo de vida pode ser desfrutado, ou repetido nos dias atuais? É possível praticar as mesmas coisas que eles praticaram quanto à vivência diária (vender suas propriedades e bens, por exemplo, e redistribuindo igualitariamente)? Será que algum de nós hoje estaria pronto, ao receber seu salário, ou após ter vendido uma propriedade, entregar este valor integralmente na igreja para ser redistribuído de modo igualitário? Será que nós podemos hoje ser hospitaleiros como eram os primeiros cristãos, recebendo nossos irmãos em casa e repartindo com ele nossos víveres?
Para respondermos a essas e outras questões é preciso notar alguns dados contextuais. Primeiro, a igreja estava em sua fase inicial (século I d.C.), em seus primeiros anos após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Era composta por pessoas recém saídas do judaísmo que abraçaram a fé cristã após a pregação de Pedro. A sociedade era simples, composta por pescadores, comerciantes, algumas pessoas marginalizadas da sociedade que haviam crido no evangelho, os “ex”s (prostitutas, paralíticos, leprosos, publicanos, pecadores). A relações sociais eram bastante estreitas, baseada nos laços familiares.
Quanto à experiência eclesiástica (ou eclesiológica), esta estava em seu nascedouro. Não havia ainda uma instituição chamada “Igreja”. Não havia um clero especifico para atender as necessidades da comunidade, havia, sim, um espírito comunitário que unia as pessoas num propósito comum. Neste momento, ainda não havia interesses pessoais em voga (pelo menos não nesse primeiro momento).
Alguns conceitos ainda não haviam sido desenvolvidos, como Igreja, ministro/clero, sacerdócio, a questão referente aos dias de adoração, a questão do lugar da adoração (a igreja no primeiro século não possuía o conceito de “templo” que nós possuímos hoje), isto é, não havia um lugar único para a celebração. Algumas questões passavam por longe, como a existência de um hinário, púlpito, E.B.D., entre outras. A comunidade cristã do primeiro século era bastante simples. Para termos uma idéia, somente no quarto século aparece o primeiro “templo” cristão, já na igreja instituída por Constantino imperador romano. Antes disso, a igreja se reunia “de casa em casa”, nos períodos de perseguição, muitas comunidades cristãs se escondiam em cavernas e catacumbas (antigos cemitérios romanos). Não havia necessidade de um templo, pois cada crente tinha consciência de ser ele templo do Espírito Santo!
Mas é claro, a igreja não ficou presa no século I, nem tampouco a Jerusalém e arredores. A igreja cresceu, de 12 tímidos homens, passou para 120, para 3000, para 5000, até alcançar todo o império romano, causando um grande incômodo para os imperadores, os quais empreenderam todos os recursos disponíveis para deter o avanço “destes que tem alvoroçado o mundo”.
Os anos se passaram. Algumas adaptações foram necessárias. Elegeram pessoas para cuidarem das necessidades materiais dos pobres existentes na igreja (At 6), bispos/pastores para supervisionarem o rebanho. Paulo enfatizou a necessidade do exercício dos dons espirituais para a edificação da igreja. Problemas surgiram quanto ao culto, sendo necessária algumas orientações dos apóstolos quanto à liturgia nas reuniões públicas, visando o bem estar da igreja e a salvação dos ouvintes. Havia agora muitas comunidades cristãs (igrejas), às quais tinham problemas específicos, sendo necessárias instruções especificas a cada uma delas, como testificam as epístolas.
Tendo contato com diferentes culturas e práticas religiosas as mais variadas, a igreja começa a se corromper. Práticas pagãs tentam se infiltrar na igreja através de pessoas convertidas das religiões judaicas e pagãs, passando a igreja por grave crise moral. Isso denota o desejo da igreja de se relacionar com o mundo de modo amigável, sem ferir os desejos das pessoas (isso se parece muito com a forma de ser cristão dos nossos dias!).
Esse encontro, ou melhor, casamento, entre a igreja e o paganismo ocorre na época de Constantino.
Após longo período de perseguições, em 325 d.C. o Imperador Constantino torna a religião cristã, religião oficial do Império. Aqui começa as principais deturpações pela qual a igreja passa. Muitas das festas pagãs são incorporadas ao cristianismo (Natal, São João, etc). O clero é agora subordinado ao Estado, a liturgia é feita em prol dos interesses do imperador. Os templos pagãos, tornam-se templos cristãos. As filosofias romanas substituem as Escrituras, surgem os dogmas, a tradição se fortalece em detrimento da Palavra de Deus. As decisões dos concílios substituem a autoridade dos apóstolos.
São quase mil anos de obscuridade espiritual, destarte haver grupos cristãos que perseveraram nos princípios bíblicos sem se corromperem.
Em 1517, um monge agostiniano, chamado Martinho Lutero, publica suas 95 teses contra a venda de indulgências como meio de se angariar a salvação, e outras aberrações da Igreja Medieval. Sua atitude provocou uma “Reforma” na igreja. Essa reforma produziu os chamados protestantes, que, separados da igreja oficial (Católica Apostólica Romana), empreendem um movimento que alcança muitos países europeus, nascendo daí as igrejas nacionais.
As mudanças que daí surgem serão apenas no âmbito das idéias, nas doutrinas (especialmente a que diz respeito à salvação pela fé somente e a centralidade das Escrituras). É claro que há mudanças litúrgicas, como a “missa” celebrada na língua nacional, uma maior importância à musica no culto, são mudanças significativas, mas sem muito impacto no que diz respeito a princípios basilares exarados nas Escrituras.
A reforma que Lutero e os outros reformadores (Calvino, Zuinglio, etc) empreenderam, estava centralizado na doutrina (salvação), não na Igreja. Conceitos como templo, clero, liturgia, permaneceram quase inalteráveis. As comunidades cristãs permaneceram ainda dentro de um templo, ao redor de um clero, num dia de domingo.
Fazia-se necessário, portanto, uma reforma na igreja, no s eu conceito e suas formas.
Passaram-se quase quinhentos anos, e agora é hora de voltarmo-nos para as Escrituras, redescobrirmos os primeiros cristãos, é preciso hoje verificar os valores da igreja do primeiro século, e desfrutarmos de um novo mover de Deus, isento do tradicionalismo hermético, e partirmos para uma vida em comunidade, uma comunidade significa para os dias atuais, que cause impacto nas vidas. É preciso recuperar a igreja, leva-la para desfrutar de uma intensa koinonia.
O que pretendemos hoje, não é retroceder a 2000 anos atrás, para fazermos as coisas da mesma forma como fizeram os primeiros cristãos; mas, buscar os princípios exarados nas Escrituras que nortearam a vida dos primeiros cristãos. Talvez não consigamos fazer tudo quanto eles fizeram, mas devemos compreender o que os levou a viver aquele estilo de vida e, então, buscarmos correspondentes no século XXI, conhecendo a nossa realidade e os anseios do homem moderno, aplicarmos os princípios aprendidos à nossa realidade, a fim de conseguirmos os mesmos resultados a que eles chegaram (“louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”).
Talvez, para que isso aconteça será preciso mexer em estruturas antigas, a fim de alcançarmos o ideal divino de comunidade. Alguns princípios bíblicos com certeza irão contrariar nossas estruturas mentais formadas durante longos séculos de tradição cristã. Conceitos serão revistos, práticas eclesiásticas perderam seu sentido de ser, a partir do momento que os valores que os cristãos do primeiro século desenvolveram se incorporarem em nossa realidade presente. Portanto, precisamos estar preparados para o mover de Deus nesse propósito!

O DESAFIO DO MINISTÉRIO PASTORAL

Judson Silva Lima, 25/09/2003.

Aos meus colegas concluintes do curso Bacharel em Teologia, diante do desafio de serem pastores segundo o coração de Deus.

Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando a homens, não seria servo de Cristo.” (Gl 1.10)

Estamos chegando ao fim de uma caminhada de fé: a conclusão do curso de Bacharel em Teologia, numa instituição que estamos vendo nascer, florescer, da qual nos sentimos parte constitutiva. Iniciada com esforço e dedicação, tanto da parte dos que idealizaram esse projeto, como dos que nele foram iniciados.
Semelhante a “cobaias” numa experiência de laboratório, que – apesar da incredulidade de alguns, que viram esse sonho como uma fraude, ou um fracasso – está dando certo, produzindo seus frutos já espalhados em nossa região, multiplicando o sonho de uma instituição de formação de futuros líderes espirituais, capazes de dialogar com Deus e com os homens, comprometidos com o evangelho do reino, que muito tem a contribuir tanto para a nossa denominação (batista), quanto para todo povo de Deus que anseia por líderes capazes de ensinar a Palavra da Verdade com amor e zelo.
Quantas experiências vividas, quantas lições aprendidas. Amizades aqui nasceram, compromissos mútuos foram firmados. Fomos profundamente marcados por homens e mulheres que, amando ao Senhor, puderam impregnar em nossas mentes e caráter o significado de ser verdadeiramente cristão.
Os relacionamentos que pudemos estabelecer, nossos contatos nos corredores, nossas conversas coletivas ou particulares. Nossas mágoas, angústias, decepções foram ouvidas por pessoas que, apesar de falhos como nós, dividiram seus ombros conosco, enxugaram nossas lágrimas. Colegas, professores, funcionários, todos eles envolvidos com as nossas vidas, intercedendo ao Pai por nós quando nos víamos em angustia e solidão. Companheiros. Envolvidos todos num mesmo ideal, em um mesmo sonho, de sermos não apenas uma instituição de formadores de teólogos, desprovidos de compromisso com a vida comunitária, sem o ardor e fervor missionários, apartados do mundo real; mas, sim, homens e mulheres comprometidos com Deus, sua Palavra e as pessoas que Ele nos entregou para ministrar-lhes, que sofrem, choram, sentem dores no corpo e na alma, ansiosas, esperando-nos para ouvir a palavra que alimenta, cura e restaura.
Alguns aqui vieram estudar apenas para ter uma formação teológica, a fim de auxiliarem em suas igrejas, servindo na escola bíblica ou na evangelização do bairro onde sua igreja está localizada, mas ao se aprofundarem nos estudos teológicos, e percebendo a realidade espiritual e social do mundo ao seu redor, sentiram a necessidade de realizar algo mais. Pastorear uma comunidade de fé, então, tornou-se paulatinamente o sonho de muitos. Poder ajudar os que sofrem, padecem as mazelas e injustiças sociais. Orientarem os jovens e crianças, cada vez mais ameaçados pela cultura de massa, alienados de uma vida sem Deus. Amparar o ancião, abandonado, carente de afeto e cuidados especiais. Enfim, servir a Deus num mundo cada vez mais distante dEle. Eis o desafio dos que estão concluindo o curso de teologia e estão sendo lançados no mundo da incompreensão e da insensatez, a fim de lutarem por um mundo mais justo, mais humano, mais cristão.
Os bacharelandos em Teologia, então, têm uma grande missão a cumprir diante de Deus e dos homens. São chamados a uma missão quase impossível, que somente aqueles realmente comprometidos com o Cristo ressuscitado, podem levar a cabo a missão de proclamar, num mundo que aprendeu a crer num Deus distante e indiferente, a realidade viva de Deus, encarnando as verdades reveladas por Ele em sua vida diária, sendo ele instrumento capaz de fazer conhecido este Deus nas experiências concretas dos homens e mulheres a quem ministra.
O nosso chamado, então, não é para uma vida centrada em nós mesmos, mas um viver para Deus e para o outro. O nosso chamado não é para agradarmos a nós mesmos, ou aos homens que esperam ser satisfeitos pelo nosso serviço religioso, mas ao Deus que nos chama para servi-lo.
Quantos pastores-teólogos que, na prática pastoral, se esqueceram do seu chamado primordial (agradar a Deus), abusando de sua posição diante uma comunidade de fé, sendo, ao invés de pastores de ovelhas, lobos devoradores; sugando as energias do rebanho, deixando-os fracos e doentes, presas fáceis de Satanás? Quantos têm se esquecido que a sua principal tarefa é serem agradáveis a Deus e, com medo de perderem seus privilégios que a “profissão” oferece, deixa-se corromper, adulterando até mesmo a Palavra de Deus, a fim de serem agradáveis e aceitos pelos homens que pagam seus salários?
É necessário ter-se cuidado para não sermos reprovados por Deus.
Jesus disse algo que pode ser aplicado à nossa situação: “Pois que aproveitaria ao homem ganhar o mundo e perder a sua alma?” (Mc 8.36). Parafraseamo-lo assim: Que adianta ao pastor ganhar a atenção de todos os homens e no fim ser rejeitado por Deus?
O trabalho pastoral requer um compromisso total com Deus. O apóstolo Paulo diz em 1 Co 4.2 que o que Deus requer de cada um de nós é fidelidade. Essa fidelidade a Deus, algumas vezes, será contrária aos interesses e desejos dos que nós estaremos ministrando, ou à instituição na qual estaremos servindo. O desafio do pastorado, então, será dizer não quando todos pensariam que diríamos sim. Tudo isso pelo dever de sermos agradáveis a Deus.
O ministério pastoral, então, torna-se um grande desafio ao nosso ego que precisa ser submisso à cruz de Cristo, devendo morrer para dar lugar ao Espírito de Cristo em nós. Aquilo que mais valorizamos (nós mesmos) precisa sair de cena, o Cristo deve aparecer. O Deus feito homem precisa encarnar-se em nossa pregação pública (ou particular) e orientação espiritual aos que regularmente ministramos, ou nos abordam quando entristecidos pelo pecado, com seus corações cheios de culpa, ou sofrendo por estarem desesperado devido a perda do emprego, ou a esposa(o) que o(a) abandonou, por ter descoberto um câncer, ainda pela perda de um ente querido. Essas pessoas querem ouvir mais que palavras agradáveis proferidas por homens de lábios impuros que habitam no meio de um povo impuro (Is 6), eles precisam ouvir a voz de Cristo: “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.28,29). Assim como Jesus devem dar a vida pelas ovelhas que se encontram sob seus cuidados (Jo 10.11); conduzi-las aos pastos verdejantes (Sl 23), pois hão de dar conta delas quando o Sumo Pastor vier do céu com seus santos anjos (Hb 13.17).
Diante disso, os futuros pastores, que, após o enfretamento dos anos cansativos, mas ao mesmo tempo edificantes dos tempos de seminário, serão recebidos e consagrados por diferentes confissões de fé evangélica ao ministério pastoral, devem submeter-se aos ditames do Deus que o vocacionou para tal mister, acima dos seus interesses pessoais (sejam eles pastorear uma grande igreja, recebendo um ótimo salário, ou administrar uma organização cristã de cunho social, que venha a render-lhe prestígio e reconhecimento social) ou institucionais. Os jovens pastores devem saber que agradar a Deus está acima de qualquer coisa, até mesmo da família.
Ao deixarem o ambiente do seminário teológico, no qual são formados conceitos (e pré-conceitos), onde a fé, no contato inicial com temas teológicas que contrariam nossa formação cristã inicial adquirida de nossas igrejas tradicionais de teologia ortodoxa, saem com uma visão ainda inerme, que será moldada na prática pastoral. No entanto, é nesse contato com a realidade paroquial (longe da casa), que nascem os pastores que agradam a Deus. Aqueles que não se deixam corromper com os que já estão contaminados com as imundícies deste mundo, amando mais ao dinheiro que a Deus, ou tentando agradar a homens que não querem ter um real compromisso com o Cristo.
A saída do seminário, a conclusão de um curso teológico e, para os que vão seguir a carreira pastoral, a ordenação ao ministério, deve constituir-se num movimento para a mudança, para a recuperação dos valores pastorais que foram maculados durante os longos anos de trabalho pastoral ordenado (profissional). Deve-se batalhar por uma ética pastoral essencialmente cristã, desprovida de um manto confeccionado pelos valores deste mundo secularizado que cada vez mais tem descaracterizado o ministério pastoral biblicamente definido. Estar disposto antes a morrer do que ceder às tentações que o oficio pastoral se nos apresenta. Tentações estas que não implicam no ser do ministério em si, mas naquilo que se pode ser quando se usa o ministério para benefício próprio, ou da classe.
É preciso ter-se cuidado com o despojo.
Durante o processo de formação teológico-pastoral é que nascem os mercenários, os falsos pastores e os hipócritas. É aí que se aprende as manhas e artimanhas ministeriais. Ao entrar no ministério propriamente dito, no contato com outros pastores, filhos do sistema (para não dizermos filhos deste mundo), são surpreendidos por uma estrutura mais interessada em agradar aos homens e as instituições do que a Deus. Comprometidos mais com o poder secular (deste mundo) do que com o Evangelho, que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Os novos teólogos-pastores que estão sendo formados nas mais diversas instituições teológicas (particularmente os que aqui no STBG recebem sua graduação) devem seguir a recomendação do apóstolo Paulo aos Romanos: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E NÃO VOS CONFORMEIS com este mundo, mas TRANSFORMAI-VOS pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2 – grifos meu).
O futuro do ministério pastoral, portanto, está nas mãos – e pés – dos jovens teólogos-pastores que estão se formando em nossos seminários. Esta nova geração de líderes tem uma grande responsabilidade diante de si: serem agradáveis a Deus. Porém, não será fácil, pois muitas praticas já estão sedimentadas e os que está há mais tempo no ministério irão optar pelo status quo, não quererão as mudanças, pois estas poderão tirá-los dos postos e privá-los dos privilégios que alcançaram. Mas pastores que querem ser agradáveis a Deus não ministram por privilégios ou recompensas neste mundo (é claro que conseqüentemente podemos ser reconhecidos pelo trabalho que desempenhamos), não estão em busca de grandes igrejas, ou altos salários e benefícios humanos (casa, plano de saúde, carro, etc.), e sim em serem servos de Deus e dos homens, pois assim como o nosso Mestre não veio para ser servido, e sim para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10.45), assim devem ser os teólogos-pastores. Que saem dos seminários teológicos confessionais para o serviço no mundo.
Assim, eis a questão que todo seminarista, concluinte dos cursos de teologia devem fazer constantemente: que tipo de pastor devo ser? Um que agrada a homens, submetendo-se aos ditames dos caprichos pessoais de grupos ou instituições? Ou que estão dispostos a pagar o preço, mesmo que isto lhe custe a própria vida, ou a desaprovação dos homens e das instituições religiosas das quais fazemos parte, a fim de em tudo sermos agradáveis a Deus? Eis o dilema no qual homens pecadores, chamados por um Deus santo, terão que enfrentar. Pois, “se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Simão o mago, qualquer semelhança não é mera coincidência


Em Atos dos Apóstolos Jesus deu ordem a seus discípulos que ficassem em Jerusalém até que do alto fossem revestido de poder. No capítulo um e versículo oito está escrito: "Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, toda Judéia, Samaria e até os confins da terra". Depois do Pentecostes quando foi cumprida a promessa do Consolador, os discípulos haviam se acomodado em Jerusalém, aguardando ali a volta de Jesus. Eles estavam muito bem acomodados na Cidade Santa, quando uma perseguição é instaurada contra os cristãos ali após a morte de Estevão (8.1). Esses cristãos, então, se dispersão para outras cidades da Judéia.
Filipe, era um desses dispersos, o qual anteriormente havia sido eleito um dos sete que foram separados para servir à igreja em Jerusalém, amparando os pobres e necessitados (6.1,3,5). Ele possuía o dom de evangelista. Em Samaria começou a pregar o evangelho, não apenas pregar o evangelho, mas também realizar sinais e maravilhas (8.5,6), espíritos imundos eram expulsos e a cidade estava eufórica diante de tantos feitos miraculosos (8.7,8).
Os sinais e maravilhas, todavia, não eram o fim, mas um meio de atrair a atenção daquela gente para as verdades do evangelho.
Havia ali em Samaria um certo Simão, que exercia a magia e havia ali iludido muitas pessoas, "ao qual todos atendiam, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas" (v.9-11). Ao ver os sinais e maravilhas operados por Filipe, ele se aproxima junto com os grupos dos que creram e é batizado, ficando de "contínuo com filipe" (v.13). Mas tarde, porém, simão vai revelar quais eram as suas verdadeiras intenções. "E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo." (v.18,19)
Este episódio aconteceu nos primórdios da expansão do evangelhom mas quanluer semelhança com o que vemos hoje não é mera coincidência.
Existe hoje um tipo de evangelho cujo patriarca é ninguém menos que Simão, o mago. Esse evangelho é chamado do evangelho do poder. A sua ênfase não está na cruz, nem tampoucou na salvação do pecador. Neste evangelho o que conta é a demonstração de poder. Quanto mais poderes você demonstrar mais vai lucrar com isto.
Vejamos então as semelhanças entre Simão e esse evangelho de poder.
1) A ênfase desse evangelho são os sinais e maravilhas, não o evangelho.
2) Ficam atônitos não pela quantidade de pecadores que estão sendo salvos e tornando-se discípulos de Cristo, mas nas manifestações exteriores que em nada produzem salvação ou arrependimento em si mesmas.
3) Sinais e maravilhas é o fim e não o meio para atrair as pessoas à fé em Cristo.
4) Neste evangelho existe a manipulação do Espírito Santo. Querem controlar através de palavras mágicas (ordeno, determino, declaro, etc.) a ação do Espírito de Deus.
5) Enfatizam o espetáculo, o show. Aqui o "pregador" (ou seria o curandeiro?) que é o centro das atenções, e não Cristo.
6) Ah, o dinheiro...! A cura, o milagre, só acontece se houver fé, e fé aqui consiste em desemboçar alguns reais, ou entregar o carro, a casa... ou seja lá o que for render dividendos, não para o doador é claro.
7) Neste evangelho o nome de Deus é constantemente tomado em vão. E o nome de Satanás, é quem recebe toda a glória.
8) Ainda em tempo, quando ese evangelho é colocado em "xeque", ainda dizem que estão sofrendo perseguição religiosa. Que é coisa do diabo.
As palavra de Pedro a Simão, também servem para os adeptos desse evangelho:
"O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro." (v.20)
"Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus." (v.21)
"Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração" (v.22)
"...estás em fel de amargura, e em laço de iniqüidade." (v.23)
O espírito de Simão, o mago, ainda continua rondando por aí, se você vê-lo em algum lugar por aí isso não é mera coincidência.







quinta-feira, 25 de junho de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Construindo Relacionamentos Duradouros


Um dia certo homem resolveu construir uma casa. Seu desejo era fazer a casa mais linda do mundo. Queria que todos ao vê-la pudessem se alegrar com ele por tão grande empreendimento. Assim, ele iniciou sua construção. Blocos, cimento, brita, ferro, todos os materiais necessários àquele mister estavam a postos. Contratou trabalhadores, que arduamente dedicaram-se, dia e noite, para concluírem em tempo hábil aquela casa.
No entanto, seu projeto era muito grande, e a casa não ficou pronta da noite para o dia, como ele imaginara, ao contrário demoraram alguns anos até que ele pudesse ali morar.

Finalmente, chegou o grande dia, a casa já estava pronta! Ele deu uma grande festa na inauguração de sua residência, toda a cidade estava ali. Levaram-lhe presentes, abraçaram-lhe, enfim, todos estavam felizes em poderem compartilhar de sua alegria. Como é bom ter um lar, uma casa onde podemos construir nossa história, e nosso futuro! Aquele dia era somente alegria, música, congraçamento...
Após a festa, todos se vão. A musica cessou, os abraços encerraram, cada um fora à sua própria casa continuarem a viver suas vidas costumeiras. E o nosso construtor feliz da vida poderia agora olhar e contemplar a grande obra que fizera. Amplos quartos, salas enormes, uma linda cozinha, um jardim florido. Tudo era belo naquela singela mansão.
O tempo passa. Muitas alegrias e tristezas ali foram vividas. Se as paredes daquela casa falassem teriam belas histórias para contar... mas o seu construtor sabia contá-las muito bem.
Certo dia, ao observar as brancas paredes da sala, onde, diariamente, ao acordar, sentado em sua estofada poltrona, comodamente lia seu jornal, percebe que havia umas duas rachaduras na parede. Porém, ignora aquela visão, pensando em mais tarde corrigi-la.
O tempo, como não espera, passava velozmente. Sentado mais uma vez em seu recanto sagrado, local de suas leituras e reflexões sobre os problemas do mundo da política, economia, as questões internacionais que afetam o país, é incomodado por um forte raio de sol que refletido em seu rosto incomoda-o. Aquelas rachaduras que outrora havia observado na parede de sua sala, haviam aumentado mais, as quais agora não podiam mais impedir que o sol penetrasse sala adentro. Mais uma vez adia os reparos.
O tempo continua em sua tenaz caminhada, deixando para trás apenas as lembranças do que fizera ou deixara de fazer.
De repente, ao acordar do seu sono, percebe que não apenas a sala possuía rachaduras, toda sua casa estava preste a desmoronar. Percebera que algo havia dado errado na sua construção, em alguma fase da execução de seu projeto algo havia saído errado.
Parecia não haver mais solução. Muitas paredes já estavam no chão, alguns cômodos já não existiam, eram somente escombros, morada de ratos e abrigo de morcegos. O tempo havia passado tão rápido e não atentara para a necessidade de cuidar de sua construção. Pensava que ela era forte o bastante para suportar as intempéries. Mas descuidou-se de algo tão essencial, a segurança do seu home sweet home.
Com calma, tentando corrigir as falhas em seu projeto, começa a perceber as causas da ruína de sua casa. Percebera que havia infiltrações na fundação, começara a construir em um terreno impróprio para o tipo de residência que havia planejado. Além disso, deixou os ratos fazerem seus ninhos embaixo de sua construção, tornando instável a fundação. Não percebera logo no inicio os perigos que incorriam de sua construção: os ratos e a água que por baixo dela passava.
Que dia triste para aquele pobre homem... tanto tempo dedicado àquela construção, mas agora somente tristeza e penar; dedicara grande parte de sua vida àquela tarefa, mas agora somente podia contemplar as ruínas.


Quão triste é olharmos para trás e perceber quanto vezes nos descuidamos de tanta coisa importante. Dedicamos nosso tempo a tantos projetos, e, muitas e deixamos o essencial. Relacionamentos duradouros são construídos com muito esforço e dedicação. Mas se descuidarmos de coisas que são aparentemente simples podem ser desfeitos num instante. Se deixarmos que atitudes negativas, a falta de educação, nossas personalidades dominem sobre nós, serem facilmente encobertos em nossos sonhos e projetos. Nossos sonhos e planos são desfeitos quando não damos o devido valor às mínimas coisas. Aquilo que parece ser insignificante num relacionamento possuem um grande valor.
Não deixe que a preguiça, a falta de tempo, a ansiedade, o trabalho destruam seus relacionamentos, lutem por eles, perceba logo no início o que pode danifica-los e procure corrigi-los antes que seja tarde demais.

Conselhos para se construir relacionamentos duradouros:

1) Observe com bastante cuidado o tipo de solo onde você está construindo seus relacionamentos. Coloque as bases de sua construção num terreno sólido.

2) Perceba desde o inicio até onde você pode construir, não faça nada além dos seus próprios limites.

3) Quando seu relacionamento já estiver estabelecido, dedique um tempo para observar como ele está indo, não negligencie os momentos de compartilharem os problemas que vocês passam.

4) Não deixem que a amargura, o ódio, ou qualquer outro sentimento negativo faça ninhos em seu coração.

5) Comunicação é o elemento essencial para o fortalecimento de um relacionamento saudável.

6) Não esqueça da pessoa que é objeto de seu relacionamento. Não o substitua, ele/ela é imprescindível.

7) Relacionamentos não nascem feitos se constroem com o tempo. O tempo é o maior aliado daquele que deseja construir relacionamentos duradouros. Relacionamentos devem ser feitos para durar a vida toda.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Cristianismo à moda antiga


O cristianismo tem se modernizado. É o que dizem nossos irmãos "mais experientes". Não se cantam mais os hinos do cantor cristão. Somente se ouvem os "corinhos" (que, na verdade, se tornam mais longos que os hinos pela quantidade de vezes que são repetidos). Os pastores, por sua vez, acomodam-se às novidades que o mercado gospel oferece e reproduzem os modelos midiáticos do "poderoso" mercado evangélico. Tudo isso, é claro, assusta aqueles irmãos que, acostumados com suas tradições eclesiásticas, seus modelos litúrgicos, resistem às mudanças e, por isso, põem pé firme, dizendo não aos "modismos" da nova igreja do século XXI.
Mas será que esse receio dos mais "velhos" é uma neurose diante daquilo que é novo? Ou tem algum sentido essa preocupação?
Eu acredito que o que se pensa e se diz sobre a igreja de hoje tem sua razão. Quando alguém faz essa crítica é porque realmente está preocupado.
Mas eu também penso que essa preocupação é uma via de mão dupla. Primeiro é preciso atentarmos para o perigo das influências que tem motivado as mudanças dentro da igreja. A igreja segue os ditames da sociedade, no sentido de impor sobre a igreja valores que a ela são estranhos. Por exemplo, a igreja tem colocado cada vez mais o homem no centro da adoração. A princípio não é isso o que parece. Fala-se de Deus, mas o que mais aparece é o homem e os seus sentimentos. Deus torna-se um servo a serviço dos anseios humanos. É óbvio que Deus é aquele vem ao encontro do homem, quando o buscamos de todo o coração. No entanto, é Deus quem toma a iniciativa primeiro para realizar este encontro. A nossa igreja tem se tornado cada vez mais hedonista, o prazer acima de qualquer coisa. Hoje se fala mais em paixão do que em amor. As pessoas querem se apaixonar por Deus, mas não querem amá-lo, pois quem o ama deve guardar os seus mandamentos. O sincretismo religioso tem motivado para essas mudanças de paradigmas. Parece que estamos caminhando, sem estar ainda bem nítido, para um pandenomincionalismo, não seria bem um ecumenismo, temido pela maioria dos evangélicos, mas um confluência de diferentes doutrinas formando uma massa cristãos sem Bíblia, onde interpretações arbitrárias da Bíblia, sem fundamentação exegética, fundadas nas experiências dos grandes pregadores que estão na mídia, principalmente televisiva, e sendo divulgados através dos seus dvd's de pregação entusiástica, formarão esse todo. além disso também as músicas de grupos de renome com suas mensagens triunfalistas, sentimentalistas, românticas produzirão, ou melhor, produzem, esse novo tipo de crente.
A segunda questão referente às críticas ao modelo de nova igreja, é o surgimento de novos líderes que aproveitando-se desse enfervecer destes movimentos que afetam a tradição surgem com uma proposta de mudança. No entanto, esses "líderes", na verdade, detentores de uma "nova" revelação, surgem como possíveis salvadores da igreja. Saem das igrejas tradicionais, ou renovadas, ou pentecostais tradicionais, dizendo que o mundo está entrando na igreja e que eles tem a função de salvá-la. Como? Criando outras comunidades que irão repetir velhos erros, agora com novos nomes. Convensando com um destes "novos" líderes, que não sei como viram pastores, o que eu ouvi, foi o que já presumia há muito tempo: falta de submissão. O pretexto destes rebeldes é exatamente as mudanças que ocorrem no interior da igreja, muitas delas relacionadas a usos e costumes, ou de ordem litúrgicas. É o que podemos chamar de pastores de si mesmos.
Assim, podemos perceber que a preocupação dos mais "velhos" é válida, mas perigosa. É válida porque nos faz pensar em princípios essenciais que a igreja tem perdido, como a centralidade das Escrituras, a soberania de Deus, sendo substituídas pela experiência humana como pré-requisito para a adoração, e as visões e desejos humanos como regra para validar o que Deus TEM que fazer para o homem.
É perigosa porque produz muitos aproveitadores, que pautando-se nas críticas aparecem como os salvadores da igreja, rejeitando a autoridade de Deus e dos líderes por Ele constituídos. O que esses fazem é muito pior para a igreja. Pois dilui ainda mais a mensagem do evangelho com pretextos de "reforma".
O que nós precisamos hoje não é simplesmente um cristianismoa moda antiga, mas um cristianismo à moda de Deus. Deus quer adoradores que o adorem em espírito e em verdade, Ele quer uma igreja que anuncie as suas virtudes, que faça conhecida a sua multiforme sabedoria nos principados e potestades no céu. Ele deseja cristãos que o amem de todo o coração, alma e forças. Cristãos que não se vendam pelos prazeres frívolos e passageiros deste mundo. Que vivam mais do que o cristianismo, mas Cristo. Que sejam meros espectadores, mas adoradores.
É esse o cristianismo que desejo viver.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Estes dois meninos que aparecem na foto ao lado sao meus sobrinhos: Romualdo Júnior e Arlei. São filhos do meu irmão Romualdo. Eles estão morando em Minas Gerais. Em Março nasce o terceiro para completar o trio. Eles estiveram na Bahia no final do ano passado, foi uma festança. Todos os meus seis irmãos estiveram presentes. Imaginem a alegria.... Ficou ainda mais feliz com a chegada do joshua o meu primogênito.

Estreiando no Blog

A internet para muitos têm sido instrumento do mal, poucos a têm usado para o bem. O blog também exerce esse poder de expor tanto o bem quanto o mal. Poderíamos aqui perguntar: Pode de uma mesma fonte produzir água doce e água salgada? Pode de um mesmo blog sair o bem e o mal? A resposta a esta pergunta é sim. As palavras têm um poder oculto, pois quando as escrevemos estamos passíveis de interpretações as mais diversas. Deixamos de ser nós e nos tornamos públicos. Eis o nosso desafio ao escrever num blog. Ser fiel às palavras e ser fiel ao leitor.
Quem ler um blog, seja um amigo, ou inimigo, procura respostas, primeira a questões que ele não pensou, e segundo, elaborará perguntas que ele formulará a partir da leitura do texto, cujas respostas ele espera encontra ou no texto lido, ou em quem escreveu fazendo seus comentários, críticas, sugestões, ou o que mais sua mente pensar.
Eis aí então a magia das palavras. Elas encantam e "encanam".
Quem escreve um blog deve ser corajoso o suficiente para expor idéias, sem temer as observações dela advindas.
Principalmente quando essas reflexões são provenientes da nossa experiência de fé. O cuidado no usao das palavras aí são ainda mais espinhosos. No caso do cristão, é ainda mais.
O cristão lida com a fé. Esta fé está baseada em palavras, ou melhor na Palavra. Toda palavra resulta numa determinada interpretação. O fiel na Palavra (a Bíblia) pensa a partir daquilo que ele interpretou ao ler o texto, ou da perspectiva do grupo religioso, da comunidade de fé, da qual ele participa.
Assim, me sinto desafiado a pensar com o leitor sobre aquilo que penso e interpreto, seja a partir das minhas leituras, ou da minha comunidade de fé.
Agradeço por ter paciência em ler essas linhas, ainda reticentes...
Até mais.