quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PERIGOS MODERNOS*



1.     INTRODUÇÃO

Existem hoje dois movimentos nas igrejas evangélicas. Um exagera demais na cobrança dos dízimos e das ofertas, estes enfatizam as bênçãos materiais, é a chamada teologia da prosperidade. O outro grupo é o dos que negam a devolução dos dízimos afirmando ser antibíblico, por o Novo Testamento não dá muita ênfase a esse tema. Esses dois movimentos tentam utilizar alguns versículos da Bíblia para defenderem suas ideias. Mas o que a Bíblia diz mesmo a esse respeito?

2.     MUNDO CAPITALISTA
 
Capitalismo é um sistema econômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, e pela existência de mercados livres e de trabalho assalariado.”[1]
“(...) elementos que caracterizam o capitalismo são a acumulação permanente de capital; a geração de riquezas; o papel essencial desempenhado pelo dinheiro e pelos mercados financeiros; a concorrência, a inovação tecnológica ininterrupta e, nas fases mais avançadas de evolução do sistema, o surgimento e expansão das grandes empresas multinacionais. A divisão técnica do trabalho, ou seja, a especialização do trabalhador em tarefas cada vez mais segmentadas no processo produtivo, é também uma característica importante do modo capitalista de produção, uma vez que proporciona aumento de produtividade. O modelo capitalista também é chamado de economia de mercado ou de livre empresa.”[2]


2.1.        A VISÃO DE JESUS

Jesus disse que estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 17.16). Jesus não pediu ao Pai para que tirasse os seus discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal (Jo 17.15).
Infelizmente muitos cristãos e igrejas têm seguido o curso deste mundo (Ef 2.2). Tem aprendido com o mundo a amar o dinheiro e correr atrás do lucro. Você conhece alguma igreja ou cristão assim?
A Bíblia diz que o mundo passa bem como a sua concupiscência (desejos) (1 Jo 2.17). Infelizmente existem pessoas que amam o mundo  e todas as coisas que nele há, amam tanto o mundo que Deus acaba perdendo o primeiro lugar em seu coração (1 Jo 2.15).
No mundo capitalista que vivemos é assim; todas as coisas giram em torno do dinheiro e da obtenção de lucros. É preciso ter muito cuidado! O que vale não é a pessoa, e sim o que possui. É o TER no lugar do SER.

3.     AMOR AO DINHEIRO

A Bíblia reiterada vezes nos adverte sobre o apego aos tesouros acumulados na terra. Jesus nos diz para não ajuntar “tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam” (Mt 6.19). Jesus censurou o jovem rico que queria ter vida eterna e continuar com seu coração preso às riquezas (Mt 19.16,21,22). Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, tesoureiro do ministério itinerante de Jesus, foi repreendido por seu Mestre, quando censurou a ação da mulher que quebrara um precioso vaso. O texto bíblico afirma “Ora ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (Jo 12.6). Mas tarde, esse mesmo Judas, traiu seu Mestre por 30 moedas de prata (Mt 26.15).
A Bíblia afirma, portanto, que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. O apóstolo Paulo nos ensina algumas verdades preciosas sobre isso (1 Tm 6.7-10):
1)    Nada trouxemos para este mundo e nada levaremos dele (v.7).
2)    Contentar-se com o essencial à vida (v.8; cf. Hb 13.5).
3)    As riqueza tem os seus ardis, suas ciladas (v.9,10).
4)    Os que possuem riquezas não devem por nelas a sua esperança, mas em Deus (v.17).
Paulo não condena a riqueza, e sim o apego exagerado a elas, o que a Bíblia chama de avareza. Jesus já nos advertiu texto: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Paulo afirma que a avareza é idolatria (Cl 3.5), isto é, tudo aquilo que compete com Deus e o Seu reino tornam-se um ídolo. O próprio Jesus disse que não podemos servir a Deus e a as Riquezas [Mamom] (Mt 6.24).
No mundo capitalista que vivemos o dinheiro tem o seu valor, no entanto, quando ele se torna um ídolo, ofuscando a nossa visão de Deus, e nos afastando das pessoas ao redor torna-se um instrumento do maligno para nossa perdição.

4.     TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Um ensino corrente em nossos dias em muitas igrejas evangélicas é que o dinheiro, as riquezas são sinais das bênçãos de Deus. Eles ensinam que quanto mais se ofertar mais vai receber. É a chamada Teologia da Prosperidade. 
Sua tese é que os fiéis sejam ricos, fiquem curados de todo tipo de doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta de emprego. Essas são promessas da teologia da prosperidade, que propõe banir a pobreza, a doença. Para a teologia da prosperidade, o crente "deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando isso não acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de Satanás".[3]
Essa teologia parece negar muitos fatos bíblicos que provam o contrário do que ensinam. Vejam, por exemplo, o caso de Jó.
Jó “era homem sincero, reto e temente a Deus, e desviava-se do mal” (Jó 1.1,8). No entanto, foi acometido de uma grave enfermidade, perdeu todos os seus bens e ainda perdeu seus filhos! Ele porém reconheceu: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto, Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1.20,21).
O apóstolo Paulo foi acometido de uma grave enfermidade que o incomodava (“espinho na carne”); ele orou ao Senhor pedindo que o livrasse daquele sofrimento, no entanto, o Senhor lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.7-9).
Com relação às riquezas a vida de Jesus já é um testemunho que contraria a teologia da prosperidade: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20). Além disso, Ele diz para não ajuntarmos tesouros na terra, mas no céu, “porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.19-21).
Assim, a Bíblia não sustenta essa teologia que está sendo ensinada por aí, principalmente nas emissoras de televisão evangélicas. Cristãos fiéis continuam sendo acometidos por enfermidades, bem como fiéis dizimistas continuam sem carros (nem importados) e morando em casas simples.


5.     CONCLUSÃO

Costumamos dizer que o mundo está entrando na igreja. E isso é uma verdade evidente no que diz respeito ao dinheiro. Quantas igrejas tem se tornado verdadeiras empresas. Quantos cristãos, do mesmo modo, estão recorrendo às igrejas para adquirir bens materiais. Quantas pessoas têm deixado as igrejas para não contribuir financeiramente com ela!
Além disso, muitos têm usado a Bíblia para seu próprio proveito torcendo os seus ensinos, ou para arrecadar mais dinheiro extorquindo até o último centavo dos fiéis com promessas que a Bíblia não sustenta; ou para impedir que as pessoas reconheçam que Deus é o dono de todas as coisas inclusive do dinheiro, devendo este ser revertido para a glória de Deus.


* LIMA, Judson S. Perigos Modernos. Lição nº 3 da Série de Estudos "Tudo para Glória de Deus".
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo
[2] http://www.renascebrasil.com.br/f_capitalismo2.htm
[3] http://www.mundocristao.com.br/noticiasdet.asp?cod_not=4

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

IDOLOS DE SI PARA SI MESMOS


A idolatria é um modo "seguro" que a mente humana criou para negar a Deus e fugir da Sua ira. Não ha explicação mais razoável do que esta. Os seres humanos vivem num paradoxo, ao mesmo tempo em que anseiam por Deus, Dele estão sempre fugindo, escondendo-se.
Anseiam por Deus pois são suas criaturas, feitos à Sua imagem e semelhança, formados para um relacionamento de comunhão e intimidade com Ele. Fogem Dele pois os seus pecados são ofensivos à santidade de Deus. Consciente, ou inconscientemente, os seres humanos sabem disso, mas preferem o prazer, a satisfação proporcionada pelo pecado, pois o pecado produz uma falsa sensação de liberdade, o pecado produz a ilusão da auto-suficiência.
Os deuses criados pela engenhosidade humana são criações, copias mal acabadas dos próprios seres humanos. É um modo de firmarem-se indiretamente em si mesmos. Os deuses, e toda espécie de criação idolátrica é uma adoração de si para si mesmo. O alter ego da humanidade caída é transferido para a imagem (ídolo), onde ele mira e se admira. Podemos afirmar, portanto, que a idolatria é uma espécie de narcisismo velado (ou escancarado?). Ele vê-se no ídolo, ao mesmo tempo em que o ídolo é visto por ele.
Por seu caráter narcisista a idolatria falha no seu propósito de fazer com que o homem encontre a si mesmo e se reencontre com Deus. Como o Narciso da mitologia, o ser humano não consegue enxergar alem dele mesmo, é egoísta, presunçoso, vaidoso, arrogante, isto é, centraliza em torno de si o ser e o existir, até mesmo seus atos de bondade (quando existem), tem em vista a autopromoção. Os sacrifícios, as oferendas, todo ritual em torno do ídolo, na verdade constitui-se num culto a si mesmo. O seu fim, como o de Narciso, é o afogamento em seu próprio EU.
Nessa tentativa de compensação da sua natureza corrompida, na elaboração de artifícios que mascaram a sua real condição de miserável pecador, o afastamento de Deus se agrava. Não satisfeito o ser humano entra numa aventura quase sem volta à procura de outros ídolos que lhe dêem respostas, que saciem seu anseio pela divindade. Não encontrando em seu próprio ídolo (imagem/EU) vão à busca de outros ídolos, do mesmo modo imagens corrompidas de si mesmos, criados por outros seres humanos vazios de si mesmos perdidos em seu próprio Eu. Aqui, os ídolos não apenas madeira, ou pedra entalhada, mas se corporificam em outros seres imiscuindo-se na tentativa de formar um com o outro semelhantemente vazio de si mesmo, a prostituição em todas as suas acepções constituem formas de tentar unir-se à "divindade" do outro. Além disso, toda espécie de materialismo constitui-se em endeusamento das coisas, o corpo animado (de alma) unindo-se à matéria inanimada, alguma coisa apegando-se ao nada.
Numa fuga frustrante de Deus, o ser humano cada vez mais se perde na confusão idolátrica. Como no labirinto do minotauro, quanto mais se procura a saída mais se vê perdido. Como Dédalo e Ícaro, fazem para si asas, com penas coladas com cera, mas no afã, como o jovem Ícaro, se empolga e mais uma vez quer tocar o Sol, tentativa frustrada. A cera derrete, as penas se vão.
A idolatria é uma tentativa frustrada de fugir da ira de Deus. O que o ídolo pode fazer por aqueles que se prostram perante eles, senão "ouvi-los" passivamente e "responder" afirmativamente a todos os desejos e vontades humanas? O ídolo é manipulável. Como os seres humanos, os ídolos são corruptos por natureza.
Na idolatria se busca um deus amoroso sem justiça, um deus misericordioso que não se ira, um deus que perdoa sem disciplinar, um deus que atende a todas as petições sem questionar, um deus que vê sem julgar, um deus que sempre afaga e nunca usa a vara quando necessário, um deus que se contenta com sacrifícios de tolos, um deus que se carrega nos ombros e não no coração, um deus que é moldado mas que não muda o caráter dos seus adoradores.
Por isso os ídolos são tão festejados e adorados (venerados?). Eles nos permitem viver na ignorância, na ilusão. Os ídolos em si não se importam com o que fazemos ou deixamos de fazer, são imparciais, não se envolvem, apenas refletem o anseio do homem em encontrar-se e ser reconciliado por Deus.
Não posso concluir sem antes afirmar que aqueles que não constroem ídolos visíveis, de pedra, ouro, madeira, gesso, de carne e osso, ainda assim são idolatras, constroem suas imagens mentais, suas projeções baseadas em seus anseios e desejos egoístas, logo idolatras. O ateísmo é um modo ainda mais perverso de idolatria. O ateu não aceita outra imagem a não ser a dele mesmo, ele se basta. Ele não é humilde nem mesmo para se curvar diante de uma imagem visível dele mesmo, quanto mais de um Deus invisível. O ateu está o tempo todo tentando justificar-se diante de Deus negando-o. O modo que ele encontrou para expiar seus pecados foi através de uma incredulidade racionalizada. "Se Deus não existe não tem por que me culpar, logo sou livre. Se Deus não existe, logo não ha pecado. Se Deus não existe não existe nem o bem nem o mal". Essa lógica foi criada no Éden pela serpente, repetida hoje de forma mais sofisticada, filosoficamente fundamentada. É a idolatria de sempre, desnuda. É a idolatria sem ícones. Vazios de Deus, perdidos, sem direção.
Não existe outro modo de o ser humano encontrar-se a si mesmo e ser reconciliado com Deus. Não existe modo mais seguro de o ser humano livrar-se desse ciclo perverso de auto-justificação (o que é na verdade, uma auto-comiseração), do que deixando de enxergar a si mesmo, destruindo os seus ídolos criados ao longo da historia na tentativa insana de encontrar Deus a partir de si mesmo e de outras criaturas vazias, e mirar em Deus por meio do único sacrifício capaz de trazer a redenção a toda humanidade perdida em seus pecados, cujo pecado maior é a negação idolátrica de Deus, somente Jesus reflete toda a gloria de Deus, e somente Ele é capaz de eficazmente promover a paz entre o homem e Deus, aplacando a ira de Deus sobre os nossos pecados e nos tornando definitivamente Seus filhos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que Significa Conhecer Jesus?

Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.9)

Conhecer faz parte da natureza humana desde o nascimento. O conhecimento se dá nas intereções com o meio ambiente em que somos criados. Enquanto conhecemos estamos nos fazendo. Por meio do conhecimento compreendemos as relações entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade. Existem diversos tipos de conhecimento: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, conhecimento teológico e conhecimento científico.

O conhecimento empírico surge da relação do ser com o mundo. Todo ser humano apodera-se gradativamente deste conhecimento, ao passo que lida com sua realidade diária. Não há uma preocupação direta com o ato reflexivo, ocorre espontaneamente. É um conhecimento do tipo abrangente dentro da realidade humana. Não está calcada em investigações.

O conhecimento filosófico surge da relação do homem com seu dia-a-dia, porém preocupa-se com respostas e especulações destas relações. Não é um conhecimento estático, ao contrário sempre está em transformação. Considera seus estudos de modo reflexivo e crítico. É um estudo racional, porém não há uma preocupação de verificação.

O conhecimento teológico preocupa-se com verdades absolutas, verdades que só a fé pode explicar. O sagrado é explicado por si só. Não há importância a verificação. Acredita-se que o conhecimento é explicado pela religião. Tudo parte do religioso, os valores religiosos são incontestáveis.

O conhecimento científico precisa ser provado. O conhecimento surge da dúvida e comprovado concretamente, gerando leis válidas. É passível de verificação e investigação, então acaba encontrando respostas aos fenômenos que norteiam o ser humano. Usa os métodos para encontrar respostas através de leis comprobatórias, as quais regem a relação do sujeito com a realidade.

O que significa conhecer? Conhecer não é se intrometer na vida alheia. Não é bisbilhotice. Não é boato. Não conhecemos verdadeiramente pelo que os outros nos dizem, mas pelo encontro pessoal que temos com o outro. Conhecer, portanto, é relacionamento.
Conhecer está relacionado primeiramente com o quanto somos capazes de falar acerca da pessoa que conhecemos. Não conhecer apenas, por exemplo, sua idade, o tamanho do seu manequim, aonde mora, onde trabalha, quanto ganha, qual o seu grau de instrução, qual a sua altura, seu peso... Enfim, não um mero conhecimento matemático, estatístico. Conhecer é também, e principalmente, saber as qualidades da pessoa, qual a comida que o outro mais gosta, seus hábitos, seus hobbies, seus sentimentos, suas alegrias e tristezas... Conhecer é participar da vida do outro. Conhecer é conviver. Não se constitui num saber superficial, mas é mergulhar num relacionamento sincero com o outro. .
Conhecer a Jesus, nesse aspecto, portanto, é o relacionamento que estabelecemos com ele em todas as esferas da nossa vida, não apenas nesse tempo presente, mas por toda a eternidade.

Vejamos algumas implicações de se conhecer a Jesus:

I) Jesus revela em si mesmo a pessoa do PAI. (Hb 1.3) Quem conhece a Jesus, naturalmente conhece o PAI. É impossível chegar-se a um sem necessariamente passar pelo outro. Só é possível chegar a Deus através de Jesus, assim também só é possível chegar a Jesus pela intervenção divina, isto é, Deus dar-se a conhecer ao homem através da pessoa e obra de Jesus (Jo 14.6,7).

II) Conhecer Jesus é muito mais que uma questão de TEMPO. É uma questão de confiança. (Jo 14.9). A quantidade de tempo que temos com uma pessoa diz muito pouco acerca dela. O relacionamento, a intimidade, é fator primordial. Os discípulos andaram com Jesus durante três anos, e ainda assim não o conheciam , como DEUS. Ter muito tempo na igreja não diz muito tempo sobre o nosso relacionamento com Deus, e sim o quão intimo somos dele. O conhecimento de alguém vem com o tempo, é bem verdade, no entanto, quanto mais conhecemos o outro somos capazes de conhecer a nós mesmos. É assim com relação a Deus (JESUS), quanto mais conhecemos a Deus mais conhecemos a nós mesmos, e aqui está o grande problema. Quando a luz de Jesus brilha em nosso coração e percebemos quem nós realmente somos, temos a tendência de ignorar a luz para aliviar a angústia que ela provoca.

III) O conhecimento que o crente (cristão) tem acerca de Jesus não é (nem pode ser) um conhecimento teórico, ou superficial; mas espiritual e profundo (Jo 14.17). O Espírito Santo produz em nós o verdadeiro conhecimento a respeito de Deus-Jesus, pois Ele habita em nós, convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8ss), guiando-nos na verdade (Jo 16.13), nos ensinará todas as coisas e nos fará lembrar de tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (Jo 14.26). Sem o lavar regenerador do Espírito Santo continuamos alheio a Deus e a sua vontade (Tt 3.4-7).

IV) Conhecer Deus-Jesus, implica em cumplicidade (Jo 14.20). Deus-Jesus-Nós. Jesus conhece a Deus, portanto, torna-se um só com Ele. Se nós conhecemos a Jesus nos tornamos um só com Ele. Isso significa que a nossa vida deixa de ser de nós mesmos para ser dele. Nós o imitaremos. Faremos as mesmas obras que Ele fez, até maiores (Jo 14.11,12). Conheceremos a sua vontade e pediremos(falaremos) a(com) Ele segundo a sua vontade e não a nossa (Jo 14.13,14; cf. 1 Jo 5.14ss). acima de tudo, guardaremos toda a sua Palavra, praticando-a (Jo 14.15,21,23,24).

Conhecer Jesus é uma experiência transformadora. Cada passo que damos ao Seu lado aprendemos mais acerca do Seu caráter, e também conhecemos muito mais a nós mesmos. Conhecendo Jesus, isto é, estando em um relacionamento profundo com Ele, minha mente e meu coração são desvendados diante Dele. Percebo minha natureza corrompida, e o quanto sou miserável, e isso dá-nos a consciência de quanto dependemos da Sua graça. Conhecer Jesus nos faz lembrar que somos humanos, pecadores, mas ao memso tempo nos remete à vida do nosso Mestre, que "não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se" (Fl 2.6), que se "tornou carne e habitou entre nós" (Jo 1.14), que "em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 2.17; 4.15). E é isso que nos motiva a continuar prosseguindo em conhecê-lo ainda mais.




terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Reflexões para um novo Ano Novo


Ontem no último culto do ano aqui na PIB em Salobrinho (Ilhéus-BA) preguei em Hebreus 10.1-4, e quero compartilhar algumas lições aprendidas ali como reflexões para o ano novo.
"Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados." (Hb 10.1-4)
O texto fala acerca do dia da Expiação, quando o sumo sacerdote do antigo pacto entrava uma vez a cada ano para oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados e os da nação. Era o único momento em que o sumo sacerdote, e apenas ele, entrava no santo dos santos onde se encontrava a arca da aliança. O autor de Hebreus vai mostrar que isso era apenas sombra de um sacrifício superior, realizado uma única vez para sempre pelo Supremo Sumo Sacerdote, Jesus.
Mas quais as lições que extraímos do texto citado?
Lição nº 1 - Os sacrifícios contínuos que fazemos a cada virada de ano não são eficazes para a real mudança de vida que necessitamos. A cada ano repetem-se os mesmos rituais, as mesmas promessas, e parece que continuamos cometendo os mesmo erros de sempre. Presentes, comemorações, fogos de artifícios, usar branco, palavras... Perdem o sentido... sacrifícios vazios... "sacrifícios de tolos". Repetições vazias... A cada novo ano faz novas promessas... esquecida a maior parte do ano. Ouvi de uma igreja em que à meia-noite do dia 31 de dezembro, no culto ,independente do pregador está pregando ou um grupo musical cantando, parte da igreja se ajoelhava ritualisticamente, para receber o ano novo de joelhos...  Ao povo de Israel Deus continuamente ficava extremamente irado com sua hipocrisia, a ponto de abominar seus sacrifícios, seus cultos (Is 1). "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" (Is 29.13).
Precisamos ouvir novamente, a voz do profeta Miquéias: "Com que me apresentarei ao SENHOR, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6.6-8).
Lição nº 2 - Os sacrifícios que realizamos a cada novo ano servem apenas para suscitar a culpa e acrescentar novas desculpas. Era para isso que servia o dia da expiação para que o povo recordasse dos pecados. Para que servem as comemorações de fim de ano? Ao fim de cada ano lembramos (se lembramos?) do que deixamos de fazer no ano findo. E com isso, caso não tenhamos alcançado os alvos estabelecidos no final do ano anterior, surgem variadas justificativas pelas quais não realizamos os alvos propostos para aquele ano. E isso fazemos repetidamente a cada novo ano. O ciclo se repete, e continuamos os mesmos. Achamos que um dia no ano é capaz de expiar os nossos pecados cometidos durante todo o ano, como o faziam o povo hebreu. Esse sacrifício anual, é inútil para isso.
Mas como podemos encarar o novo ano que se inicia e como devemos chegar ao final dele?
Primeiro voltemos a Hebreus. Cristo cumpriu todas as coisas por meio do Seu sacrifício no calvário. Sua morte foi suficiente para nós. Nossa natureza corrompida foi redimida através da fé no Seu sacrifício vicário. Cristo assume o nosso lugar, "o castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5). Cristo realizou um sacrifício eficaz! Uma vez para sempre! O nosso Supremo Sumo Sacerdote, cumpriu em si mesmo toda a justiça de Deus. Mas o que isso tem a ver com o final do ano e o começo de mais um ano?
Isso tem a ver com o propósito para o qual existimos. Nós fomo criados para a glória de Deus. Cristo nos salvou para que o propósito eterno de Deus se cumprisse, de reconciliar o homem por meio de Seu Filho. "E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus." (Colossenses 1.20). Paulo escreve em Efésios que a finalidade da nossa eleição e redenção em Cristo é para sermos para o louvor da Sua glória. O que somos, ou o que fazemos deve necessariamente, refletir a imagem de Cristo.
Portanto, todas as nossas ações devem redundar em louvor a Deus. Jesus disse que os seus discípulos são a luz do mundo, e o são para que a glória de Deus seja vislumbrada no mundo (Mt 5.16).
Outro aspecto importante a ser lembrado a partir desta visão da glória de Deus em nós, é que as promessas que fazemos a cada fim de ano perdem o sentido aqui. Ao invés de promessas e juras infundadas e infindas, precisamos mirar no propósito de que existimos para a glória de Deus. O apóstolo Paulo escreve: "Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31). Passar na faculdade, ser um esposo ou esposa melhor, concluir aquele curso, aquele projeto inacabado, o propósito não deve ser a sua realização pessoal, ou profissional, não deve ser essa a motivação, mas o quanto Deus será glorificado através disso. Portanto, é inútil promessas de fim de ano, o que será contado ao final de cada 12 meses é o quanto Deus foi exaltado através da minha vida. O que será contado, e isso terá valor eterno, é se o que você realizou durante o ano cumpriu o propósito de Deus por meio de você.
É preciso lembrar mais um elemento importante. Muitas das promessas que fazemos anualmente tem a ver com deveres imprescindíveis. Fazer o bem, ou o que é bom, não deve fazer parte de nossas resoluções para o próximo ano. Não, isso não é heresia. O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para isso: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas." (Efésios 2:8-10). Fazer o bem é nosso dever, especialmente para os salvos. Não devo desejar fazer o bem, devo sim fazê-lo como resultado da graça de Cristo. A glória de Deus é vista em nós quando cumprimos o propósito para o qual fomos chamados ("para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus").
Quero concluir essas reflexões com o texto de Tiago 4.13-17:
"Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."