Existem hoje dois movimentos
nas igrejas evangélicas. Um exagera demais na cobrança dos dízimos e
das ofertas, estes enfatizam as bênçãos materiais, é a chamada teologia da
prosperidade. O outro grupo é o dos que negam a devolução dos dízimos afirmando
ser antibíblico, por o Novo Testamento não dá muita ênfase a esse tema. Esses
dois movimentos tentam utilizar alguns versículos da Bíblia para defenderem
suas ideias. Mas o que a Bíblia diz mesmo a esse respeito?
2.
MUNDO
CAPITALISTA
“Capitalismo é um sistema
econômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, e pela
existência de mercados livres e de trabalho assalariado.”[1]
“(...) elementos que caracterizam o
capitalismo são a acumulação permanente de capital; a geração de riquezas; o
papel essencial desempenhado pelo dinheiro e pelos mercados financeiros; a
concorrência, a inovação tecnológica ininterrupta e, nas fases mais avançadas
de evolução do sistema, o surgimento e expansão das grandes empresas
multinacionais. A divisão técnica do trabalho, ou seja, a especialização do
trabalhador em tarefas cada vez mais segmentadas no processo produtivo, é
também uma característica importante do modo capitalista de produção, uma vez
que proporciona aumento de produtividade. O modelo capitalista também é chamado
de economia de mercado ou de livre empresa.”[2]
2.1.
A
VISÃO DE JESUS
Jesus disse que estamos no
mundo, mas não somos do mundo (Jo 17.16). Jesus não pediu ao Pai para que
tirasse os seus discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal (Jo 17.15).
Infelizmente muitos cristãos
e igrejas têm seguido o curso deste mundo (Ef 2.2). Tem aprendido com o mundo a
amar o dinheiro e correr atrás do lucro. Você conhece alguma igreja ou cristão
assim?
A Bíblia diz que o mundo
passa bem como a sua concupiscência (desejos) (1 Jo 2.17). Infelizmente existem
pessoas que amam o mundo e todas as
coisas que nele há, amam tanto o mundo que Deus acaba perdendo o primeiro lugar
em seu coração (1 Jo 2.15).
No mundo capitalista que
vivemos é assim; todas as coisas giram em torno do dinheiro e da obtenção de
lucros. É preciso ter muito cuidado! O que vale não é a pessoa, e sim o que
possui. É o TER no lugar do SER.
3.
AMOR
AO DINHEIRO
A Bíblia reiterada vezes nos
adverte sobre o apego aos tesouros acumulados na terra. Jesus nos diz para não
ajuntar “tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam” (Mt 6.19). Jesus censurou o jovem rico que
queria ter vida eterna e continuar com seu coração preso às riquezas (Mt
19.16,21,22). Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, tesoureiro do
ministério itinerante de Jesus, foi repreendido por seu Mestre, quando censurou
a ação da mulher que quebrara um precioso vaso. O texto bíblico afirma “Ora
ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão,
e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (Jo 12.6). Mas tarde,
esse mesmo Judas, traiu seu Mestre por 30 moedas de prata (Mt 26.15).
A Bíblia afirma, portanto,
que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. O apóstolo Paulo nos ensina
algumas verdades preciosas sobre isso (1 Tm 6.7-10):
1) Nada
trouxemos para este mundo e nada levaremos dele (v.7).
2) Contentar-se
com o essencial à vida (v.8; cf. Hb 13.5).
3) As
riqueza tem os seus ardis, suas ciladas (v.9,10).
4) Os
que possuem riquezas não devem por nelas a sua esperança, mas em Deus (v.17).
Paulo não condena a riqueza,
e sim o apego exagerado a elas, o que a Bíblia chama de avareza. Jesus já nos
advertiu texto: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não
consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Paulo afirma que a
avareza é idolatria (Cl 3.5), isto é, tudo aquilo que compete com Deus e o Seu
reino tornam-se um ídolo. O próprio Jesus disse que não podemos servir a Deus e
a as Riquezas [Mamom] (Mt 6.24).
No mundo capitalista que
vivemos o dinheiro tem o seu valor, no entanto, quando ele se torna um ídolo,
ofuscando a nossa visão de Deus, e nos afastando das pessoas ao redor torna-se
um instrumento do maligno para nossa perdição.
4.
TEOLOGIA
DA PROSPERIDADE
Um ensino corrente em nossos
dias em muitas igrejas evangélicas é que o dinheiro, as riquezas são sinais das
bênçãos de Deus. Eles ensinam que quanto mais se ofertar mais vai receber. É a
chamada Teologia da Prosperidade.
Sua
tese é que os fiéis sejam ricos, fiquem curados de todo tipo de doença e que
todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta
de emprego. Essas são promessas da teologia da prosperidade, que propõe banir a
pobreza, a doença. Para a teologia da prosperidade, o crente "deve morar
em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando isso não
acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de
Satanás".[3]
Essa teologia parece negar
muitos fatos bíblicos que provam o contrário do que ensinam. Vejam, por
exemplo, o caso de Jó.
Jó “era homem sincero, reto e temente
a Deus, e desviava-se do mal” (Jó 1.1,8). No entanto, foi acometido de
uma grave enfermidade, perdeu todos os seus bens e ainda perdeu seus filhos!
Ele porém reconheceu: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei
para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor. Em
tudo isto, Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó
1.20,21).
O apóstolo Paulo foi
acometido de uma grave enfermidade que o incomodava (“espinho na carne”); ele
orou ao Senhor pedindo que o livrasse daquele sofrimento, no entanto, o Senhor
lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”
(2 Co 12.7-9).
Com relação às riquezas a
vida de Jesus já é um testemunho que contraria a teologia da prosperidade: “As
raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem
onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20). Além disso, Ele diz para não
ajuntarmos tesouros na terra, mas no céu, “porque, onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração” (Mt 6.19-21).
Assim, a Bíblia não sustenta
essa teologia que está sendo ensinada por aí, principalmente nas emissoras de
televisão evangélicas. Cristãos fiéis continuam sendo acometidos por
enfermidades, bem como fiéis dizimistas continuam sem carros (nem importados) e
morando em casas simples.
5.
CONCLUSÃO
Costumamos dizer que o mundo
está entrando na igreja. E isso é uma verdade evidente no que diz respeito ao
dinheiro. Quantas igrejas tem se tornado verdadeiras empresas. Quantos
cristãos, do mesmo modo, estão recorrendo às igrejas para adquirir bens
materiais. Quantas pessoas têm deixado as igrejas para não contribuir
financeiramente com ela!
Além disso, muitos têm usado
a Bíblia para seu próprio proveito torcendo os seus ensinos, ou para arrecadar
mais dinheiro extorquindo até o último centavo dos fiéis com promessas que a
Bíblia não sustenta; ou para impedir que as pessoas reconheçam que Deus é o
dono de todas as coisas inclusive do dinheiro, devendo este ser revertido para
a glória de Deus.