sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"MORTE À VERDADE..."

Perguntou Pilatos a Jesus: "O que é a verdade?".
Todas as pessoas nascem e perseguem durante toda a sua existência a verdade. As ciências em geral empreendem esforços e dinheiro (muito dinheiro) para descobrir a verdade das coisas. A filosofia (a mãe de todas as ciências?!) busca uma definição de verdade que faça sentido.
A verdade, portanto, é o que dá sentido ao labor dos cientistas e filósofos. Eles carecem da verdade para serem o que são. Mas o que faz sentido, no entanto, não é a verdade em si, mas a idéia de verdade. É a distância entre o fenômeno (isto é, aquilo que acontece) e o ideal de verdade que se espera alcançar.
Por mais que se aproximem da verdade, a verdade parece se distanciar ainda mais deles. A verdade não se desnuda. Por mais sedutores que sejam os buscadores da verdade ela insiste em esconder sua nudez. A verdade não se expõe nem no escuro!
Eis aqui o paradoxo da verdade. A verdade deseja desnudar-se, expor-se. Mas são exatamente os que tanto almejam desvendar, descobrir, desnudar que insistem no mistério. Os mortais não suportam a beleza da verdade. A verdade ofusca.
A verdade existe no intervalo entre a aproximção e o distanciamento. Quanto mais os homens se aproximam da verdade, mais eles querem estar distantes dela. A verdade é simultaneamente amada e odiada. Amamos a verdade pois ela revela quem nos somos, e a odiamos pelo mesmo motivo.
A verdade reflete a nossa imagem como um espelho, e é exatamente essa imagem que nós não queremos aceitar.
A verdade revela nossas imperfeições. Revela as marcas deixadas pelo tempo. A verdade aponta as nossas limitações. E aquilo que mais tememos: nossa finitude.
Lembram-se do mito da caverna de Platão? Um curioso resolve abandonar a caverna e sair para o mundo real. Sai das sombras em direção à luz. Retorna. Descreve aos seus companheiros "encavernados" aquilo que antes eles só enxergavam como sombras.
O resultado! Seus companheiros o mataram!
Voltando ao início... Pilatos pergunta a Jesus: "O que é a verdade?" Ele não espera ouvir a resposta. Volta-se para si mesmo. Lava as mãos. Ignora completamente a resposta. Pilatos, como os demais homens do seu e do nosso tempo, nao suportam a verdade. A verdade dói. A verdade revela quem somos. A verdade revela a nossa natureza perversa.
Por não suportar a verdade, a matamos.
Jesus, a Verdade, foi morto. A verdade foi crucificada!
A humanidade ama a mentira, o engano. Desonestidade, é uma marca da natureza humana. A falsidade, a hipocrisia, as aparências são as vestes da humanidade!
Matamos a verdade pois preferimos viver no engano a ter que fazer morrer a corrupção que está dentro de nós. Quando aceitamos a verdade de quem nós somos, somente resta uma alternativa mortificar a natureza perversa que nos escraviza e receber uma nova vida verdadeiramente plena de significado: Uma Vida de Verdade.