quarta-feira, 4 de março de 2009

Cristianismo à moda antiga


O cristianismo tem se modernizado. É o que dizem nossos irmãos "mais experientes". Não se cantam mais os hinos do cantor cristão. Somente se ouvem os "corinhos" (que, na verdade, se tornam mais longos que os hinos pela quantidade de vezes que são repetidos). Os pastores, por sua vez, acomodam-se às novidades que o mercado gospel oferece e reproduzem os modelos midiáticos do "poderoso" mercado evangélico. Tudo isso, é claro, assusta aqueles irmãos que, acostumados com suas tradições eclesiásticas, seus modelos litúrgicos, resistem às mudanças e, por isso, põem pé firme, dizendo não aos "modismos" da nova igreja do século XXI.
Mas será que esse receio dos mais "velhos" é uma neurose diante daquilo que é novo? Ou tem algum sentido essa preocupação?
Eu acredito que o que se pensa e se diz sobre a igreja de hoje tem sua razão. Quando alguém faz essa crítica é porque realmente está preocupado.
Mas eu também penso que essa preocupação é uma via de mão dupla. Primeiro é preciso atentarmos para o perigo das influências que tem motivado as mudanças dentro da igreja. A igreja segue os ditames da sociedade, no sentido de impor sobre a igreja valores que a ela são estranhos. Por exemplo, a igreja tem colocado cada vez mais o homem no centro da adoração. A princípio não é isso o que parece. Fala-se de Deus, mas o que mais aparece é o homem e os seus sentimentos. Deus torna-se um servo a serviço dos anseios humanos. É óbvio que Deus é aquele vem ao encontro do homem, quando o buscamos de todo o coração. No entanto, é Deus quem toma a iniciativa primeiro para realizar este encontro. A nossa igreja tem se tornado cada vez mais hedonista, o prazer acima de qualquer coisa. Hoje se fala mais em paixão do que em amor. As pessoas querem se apaixonar por Deus, mas não querem amá-lo, pois quem o ama deve guardar os seus mandamentos. O sincretismo religioso tem motivado para essas mudanças de paradigmas. Parece que estamos caminhando, sem estar ainda bem nítido, para um pandenomincionalismo, não seria bem um ecumenismo, temido pela maioria dos evangélicos, mas um confluência de diferentes doutrinas formando uma massa cristãos sem Bíblia, onde interpretações arbitrárias da Bíblia, sem fundamentação exegética, fundadas nas experiências dos grandes pregadores que estão na mídia, principalmente televisiva, e sendo divulgados através dos seus dvd's de pregação entusiástica, formarão esse todo. além disso também as músicas de grupos de renome com suas mensagens triunfalistas, sentimentalistas, românticas produzirão, ou melhor, produzem, esse novo tipo de crente.
A segunda questão referente às críticas ao modelo de nova igreja, é o surgimento de novos líderes que aproveitando-se desse enfervecer destes movimentos que afetam a tradição surgem com uma proposta de mudança. No entanto, esses "líderes", na verdade, detentores de uma "nova" revelação, surgem como possíveis salvadores da igreja. Saem das igrejas tradicionais, ou renovadas, ou pentecostais tradicionais, dizendo que o mundo está entrando na igreja e que eles tem a função de salvá-la. Como? Criando outras comunidades que irão repetir velhos erros, agora com novos nomes. Convensando com um destes "novos" líderes, que não sei como viram pastores, o que eu ouvi, foi o que já presumia há muito tempo: falta de submissão. O pretexto destes rebeldes é exatamente as mudanças que ocorrem no interior da igreja, muitas delas relacionadas a usos e costumes, ou de ordem litúrgicas. É o que podemos chamar de pastores de si mesmos.
Assim, podemos perceber que a preocupação dos mais "velhos" é válida, mas perigosa. É válida porque nos faz pensar em princípios essenciais que a igreja tem perdido, como a centralidade das Escrituras, a soberania de Deus, sendo substituídas pela experiência humana como pré-requisito para a adoração, e as visões e desejos humanos como regra para validar o que Deus TEM que fazer para o homem.
É perigosa porque produz muitos aproveitadores, que pautando-se nas críticas aparecem como os salvadores da igreja, rejeitando a autoridade de Deus e dos líderes por Ele constituídos. O que esses fazem é muito pior para a igreja. Pois dilui ainda mais a mensagem do evangelho com pretextos de "reforma".
O que nós precisamos hoje não é simplesmente um cristianismoa moda antiga, mas um cristianismo à moda de Deus. Deus quer adoradores que o adorem em espírito e em verdade, Ele quer uma igreja que anuncie as suas virtudes, que faça conhecida a sua multiforme sabedoria nos principados e potestades no céu. Ele deseja cristãos que o amem de todo o coração, alma e forças. Cristãos que não se vendam pelos prazeres frívolos e passageiros deste mundo. Que vivam mais do que o cristianismo, mas Cristo. Que sejam meros espectadores, mas adoradores.
É esse o cristianismo que desejo viver.