quarta-feira, 23 de junho de 2010

COMUNHÃO COM O OUTRO



1. INTRODUÇÃO


Ao nos criar, Deus nos fez seres sociais, e Ele próprio disse que não era bom que estivéssemos sozinhos (Gn 2.18). Foi também o próprio Deus que deu instruções ao homem para que se multiplicasse e se expandisse. Isto permitiu que se constituísse a sociedade humana. Portanto, cada vez que duas pessoas ou mais se reúnem, surge aí um relacionamento interpessoal.

2. O ENSINAMENTO BÍBLICO

A Bíblia é um livro perfeito, pois revela o caráter santo de Deus, mas ao mesmo tempo revela a maldade do coração humano.

2.1. Exemplos Bíblicos
No quesito relacionamentos interpessoais a Bíblia está repleta de exemplos, vejamos:
a) Caim assassinou seu irmão Abel (Gn 4.1-16);
b) Os pastores de Abraão e de Ló começaram a se desentender, resultando em disputa entre famílias (Gn 13.5-12);
c) Os discípulos de Jesus discutiam sobre quem seria o maior no reino de Deus (Lc 22.24);
d) Os cristãos helenistas (gregos) murmuravam contra os cristãos judeus acerca da distribuição diária (At 6.1);
e) O próprio apóstolo Paulo e João Marcos teve um sério problema de relacionamento interpessoal (At 15.36-39)

2.2. Ensinamentos bíblicos sobre relacionamentos interpessoais
A Bíblia não apenas nos mostra os casos de problemas de relações interpessoais, mas nos apresenta diversos ensinamentos para um excelente aprendizado sobre relacionamentos interpessoais. Vejamos três lições muito importantes:
i. Um relacionamento interpessoal começa com Jesus Cristo.
Jesus é o nosso modelo por excelência. Em João 13.1b diz assim: “como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Jesus amava os seus discípulos intensamente. Ele não viva acusando-os ou apontando os seus defeitos, mas os ensinava pelo exemplo.
a) Jesus gostava de estar com as pessoas (Mt 5.1).
b) Jesus não tinha preconceitos nem discriminava (Jo 4.1-7)
c) Jesus atendia tanto a pobres quanto a ricos (Mt 8.1,2,5,6; Lc 19.1-10)
d) Jesus não comia somente com os seus discípulos, mas também com os pecadores (Mt 9.10-13)
e) Jesus preferia curar e perdoar ao invés de julgar e matar (Jo 8.1-11; Lc 19.10)
f) Jesus não concordava com o erro mas amava os pecadores (Jo 8.11)
Quando ele voltou para o Pai deixou marcas profundas na vida daqueles que amou.
ii. Um relacionamento interpessoal ideal começa dentro de nós
Quando o interior das pessoas muda, essa mudança se manifesta no seu comportamento exterior. Para que exista verdadeira paz nos relacionamentos, é preciso que haja paz no coração dos indivíduos (Ef 2.11-22; 4.17-32).
iii. Um relacionamento interpessoal ideal envolve determinação, esforço e habilidade
O texto de Romanos 12.9-21, contém alguns imperativos para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. No versículo 18 está assim registrado: “se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. É preciso antes de tudo querer, quase sempre isso tem um preço a ser pago. A renúncia pode ser um desses, abrir mão de você mesmo pelo bem do outro. O capítulo 2 de Filipenses mostra como deve ser o relacionamento entre as pessoas a partir do exemplo de Jesus, que esvaziou a si mesmo por pecadores como nós. “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual, também, para o que é dos outros” (Fl 2.4).

3. Atitudes que podem prejudicar o nível dos relacionamentos:

· Inclinação egoísta de ser notado, de dominar, de tentar impor a própria vontade, de ter prestígio, poder ou posição de destaque;
· Sentimento amargo, radical, que não compreende nem perdoa;
· Tendência ao excesso de crítica e ao prévio julgamento dos outros;
· Insegurança, envolvendo sentimentos de ameaças;
· Relutância em confiar nos outros;
· Preconceitos;
· Recusa ou incapacidade de abrir-se e compartilhar seus sentimentos e pensamentos;
· Indisposição para reconhecer as diferenças individuais (nem todo mundo pensa, sente, vê as coisas como eu vejo).[1]

4. Diferentes Níveis de Comunhão

A pergunta que queremos fazer inicialmente nesta lição é: Você pode medir o seu grau de comunhão com o seu próximo? Veja abaixo os diferentes níveis de comunhão e, enquanto você os observa tente ver em quais desses você se enquadra nos seus relacionamentos interpessoais.

1) INDIFERENÇA – “NÃO ESTOU NEM AÍ PRÁ VOCÊ!”
2) DISTANCIAMENTO – “NÃO VOU ME MISTURAR COM GENTE COMO VOCÊ!”
3) APROXIMAÇÃO – “SERÁ QUE EU POSSO FAZER PARTE DESTE GRUPO?”
4) CONHECIMENTO – “ESTOU INTERESSADO EM SABER COMO ISSO FUNCIONA!”
5) ENVOLVIMENTO – “ESTAREI REALIZADO SENDO ÚTIL A ESTE GRUPO”

5. Conclusão


A comunhão com os outros crentes é tão necessária para a saúde e vida espiritual como a água é para o peixe, o ar para o pássaro e a comida para todo o ser humano. Sem ela, nós logo morremos. Tenho visto muito cristãos secarem e morrerem espiritualmente por decidirem que não precisavam mais da comunhão com os outros cristãos.” (Sammy Tippit)

REVISÃO
1) Onde começa o nosso relacionamento interpessoal?
2) Você já identificou em que nível anda a sua comunhão?
[1] OLIVEIRA, Manoel Dias de. Tratando da Personalidade: um guia teórico e prático de aconselhamento cristão. Belo Horizonte: Mandamentos, 2003. Pg. 60.