segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Abaixo os Apóstolos!

Com o descrédito da figura pastoral nos últimos anos como resultado de diversos escândalos envolvendo ministros evangélicos, principalmente àqueles que estavam em evidência no cenário mundial, como o caso do pr. Jimmy Swegart, nos EUA, e outros, a imagem do pastor como homem de confiança foi sendo desgastada. Imoralidade sexual, questões relacionadas ao mau uso do dinheiro, foram alguns dos fatores que proporcionaram essa situação.
Com os movimentos neo-pentecostais esse problema arrefeceu ainda mais. O surgimento da IURD, evidenciou ainda mais a crise da igreja e do ministério pastoral. Bispos e pastores já não faziam mais sentido. Todos (sem exceção), ladrões. Assim ficamos rotulados. O que fazer então para mudar esse quadro?
Novos movimentos e ministérios surgiram como alternativa para os insatisfeitos com o sistema eclesiástico vigente.
Um novo tipo de líder, então, surge como esperança para os frustrados com a igreja. Uma liderança centralizada numa pessoa, com plenos poderes, advindos da Majestade, assume o controle da mente e da vida dos seus fiéis. Pastores e bispos são, então, rebaixados... Agora é a vez do APÓSTOLO!
Há um dito muito comum em algumas igrejas, que pastor não gera ovelha, ovelha gera ovelha... seguindo essa lógica, pastor gera pastor! E acompanhando a tendência dos modernos modelos de ministérios apostólicos, a lógica é apóstolo gera apóstolos.
Aqui, então, surge um problema nesses movimentos... Com o crescimento das comunidades apostólicas, surge a necessidade de líderes regionais, que também sao consagrados apóstolos. Isso, todavia, enfraquece o poder central, que para manter o seu domínio, precisa de um título que respalde a sua liderança absoluta. Daí, então, "Apóstolo Querubim", "Paipóstolo", "Patriarca"... e haja criatividade!

terça-feira, 20 de março de 2012

Sem[i] Deus[es]

A igreja evangélica basileira há muito tempo vem criando seus semi deuses. Homens e mulheres super poderosos, com uma capacidade divina (ou diabólica?) que, com doações de fiéis para os seus projetos megalomaníacos, tornam-se quase [in]tocáveis. Digo [in]tocáveis pois enquanto alcançam um status divino, transcendente, rebem de deus (ou dos deuses?) o poder quase absoluto sobre os mortais. Como Deus, recebem o poder de dar a vida e tirar a vida (mais tiram do que dão). Abençoam e amaldiçoam não com a benção sacerdotal, mas com a autoridade de um ser todo poderoso.
Esses semi deuses sentam-se no trono de Deus (ou do D...o?) como se fosse o próprio Deus. Eles encontraram um meio de se imortalizarem (cd's, dvd's, livros [será que são eles mesmos os autores?]). Encontraram uma forma de toranrem-se onipresentes: as mídias eletrônicas. São vistos nos quatro cantos da terra, sua voz ressoa retumbante aos ouvidos mais incultos, movendo os corações dos fiéis a uma idolatria sem precedentes na história.
Onipresentes, onipotentes, imortais. Semi Deuses.
Não é fácil, porém, ser um semi deus. Custa caro. Manter um programa de TV de uma hora semanal, ou uma rede de televisão 24 horas custa muitíssimo caro. Alguém precisa pagar essa conta... Claro, os adoradores.
Custa caro manter a imagem de semi deus. Carros de luxo, jatinhos, helicópteros, merchandising, marketing pessoal... Alguém precisa pagar essa conta... Os fiéis.
Não é pecado, nem crime manter um programa na TV... É louvável e deve ser apoiada! Mas, o que me intriga e incomoda são as consequências funestas de homens e mulheres que tem se utilizado da fé das pessoas para atingirem seus interesses pessoais e com suas atitudes zombam o bom nome de Cristo.
Quando uma igreja ou um líder compra um horário ou uma rede de TV isso é uma faca de dois gumes. Primeiro o "evangelho" está sendo pregado. Milhares de pessoas estão ligadas diariamente ouvindo as "boas novas". A sua igreja está sendo reconhecida e respeitada. Milhares de pessoas irão frequentar os seus cultos. Isso é "maravilhoso"!
Do outro lado temos um abismo chamado soberba. É nesse abismo que igrejas e pastores caem. Os compromissos finaceiros gerados pelos custos de manutenção do programa no ar e toda a logística resultante geram despesas exorbitantes, esses compromissos precisam ser cumpridos. A partir daí começa os apelos e apelações aos fiéis e "infiéis" que contribuam para a manutenção do programa e/ou da rede de TV. Assim, grande parte do tempo passa a ser destinado à motivar as pessoas a ofertarem, a fazerem sacrifícios de fé, a desafiarem a Deus, isto é, cada vez mais usam uma linguagem piedadosa religiosamente marcada pela necessidade da arrecadação. Aqui não se fala em milhares, mas em milhões de reais (ou dólares), e quanto mais milhões se investe nessa lógica mercadológica, milhões precisam se lucram. É aí que está o grande problema. A sedução dos milhões.
A sedução dos milhões desvia os líderes das mega igreja-empresas, transformando pastores em empresários, cujo negócio lucrativo (a fé (ingenuidade) dos fiéis) lhes rende grandes dividendos, não no reino celestial, mas no reino dos homens; adquirem mansões não na Nova Jerusalém, mas nos bairros nobres das grandes metrópolis. Estão seguros, não pelos anjos de Deus, mas por seguranças fortemente armados (armados para caçar?).
Acerca desses semi deuses podemos parafrasear o texto bíblico: "Todo "poder" eles usurparam dAquele que criou o céu e a terra". Cristo perdeu a centralidade. Não se ora a Cristo, pede-se ao apóstolo, ao missionário, ao bispo... A fé não está na eficácia da cruz de Cristo, mas na igreja A, na igreja B, na igreja C... O valor não é o sangue do Cordeiro, mas é medido em R$ ou US$... Pecado, inferno, não são assuntos agradáveis... bênção, prosperidade, são mais interessantes. Não importa o caráter do líder, não importam as evidências de um caráter reprovável autenticada por provas incontestáveis... Os fins justificam os meios.
Esses semi deuses, são guiados pelo seu ventre, e não pelo Espírito de Deus. Eles não conseguem ver "Deus" em outro lugar senão neles e na sua instituição. Importa que o seu reino cresça, e que Cristo diminua. Jesus disse à igreja dos laodicences, e repete hoje às igrejas dos sem(i) deus(es): "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo" (Ap 3.20).