sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"MORTE À VERDADE..."

Perguntou Pilatos a Jesus: "O que é a verdade?".
Todas as pessoas nascem e perseguem durante toda a sua existência a verdade. As ciências em geral empreendem esforços e dinheiro (muito dinheiro) para descobrir a verdade das coisas. A filosofia (a mãe de todas as ciências?!) busca uma definição de verdade que faça sentido.
A verdade, portanto, é o que dá sentido ao labor dos cientistas e filósofos. Eles carecem da verdade para serem o que são. Mas o que faz sentido, no entanto, não é a verdade em si, mas a idéia de verdade. É a distância entre o fenômeno (isto é, aquilo que acontece) e o ideal de verdade que se espera alcançar.
Por mais que se aproximem da verdade, a verdade parece se distanciar ainda mais deles. A verdade não se desnuda. Por mais sedutores que sejam os buscadores da verdade ela insiste em esconder sua nudez. A verdade não se expõe nem no escuro!
Eis aqui o paradoxo da verdade. A verdade deseja desnudar-se, expor-se. Mas são exatamente os que tanto almejam desvendar, descobrir, desnudar que insistem no mistério. Os mortais não suportam a beleza da verdade. A verdade ofusca.
A verdade existe no intervalo entre a aproximção e o distanciamento. Quanto mais os homens se aproximam da verdade, mais eles querem estar distantes dela. A verdade é simultaneamente amada e odiada. Amamos a verdade pois ela revela quem nos somos, e a odiamos pelo mesmo motivo.
A verdade reflete a nossa imagem como um espelho, e é exatamente essa imagem que nós não queremos aceitar.
A verdade revela nossas imperfeições. Revela as marcas deixadas pelo tempo. A verdade aponta as nossas limitações. E aquilo que mais tememos: nossa finitude.
Lembram-se do mito da caverna de Platão? Um curioso resolve abandonar a caverna e sair para o mundo real. Sai das sombras em direção à luz. Retorna. Descreve aos seus companheiros "encavernados" aquilo que antes eles só enxergavam como sombras.
O resultado! Seus companheiros o mataram!
Voltando ao início... Pilatos pergunta a Jesus: "O que é a verdade?" Ele não espera ouvir a resposta. Volta-se para si mesmo. Lava as mãos. Ignora completamente a resposta. Pilatos, como os demais homens do seu e do nosso tempo, nao suportam a verdade. A verdade dói. A verdade revela quem somos. A verdade revela a nossa natureza perversa.
Por não suportar a verdade, a matamos.
Jesus, a Verdade, foi morto. A verdade foi crucificada!
A humanidade ama a mentira, o engano. Desonestidade, é uma marca da natureza humana. A falsidade, a hipocrisia, as aparências são as vestes da humanidade!
Matamos a verdade pois preferimos viver no engano a ter que fazer morrer a corrupção que está dentro de nós. Quando aceitamos a verdade de quem nós somos, somente resta uma alternativa mortificar a natureza perversa que nos escraviza e receber uma nova vida verdadeiramente plena de significado: Uma Vida de Verdade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

COMUNHÃO COM O OUTRO



1. INTRODUÇÃO


Ao nos criar, Deus nos fez seres sociais, e Ele próprio disse que não era bom que estivéssemos sozinhos (Gn 2.18). Foi também o próprio Deus que deu instruções ao homem para que se multiplicasse e se expandisse. Isto permitiu que se constituísse a sociedade humana. Portanto, cada vez que duas pessoas ou mais se reúnem, surge aí um relacionamento interpessoal.

2. O ENSINAMENTO BÍBLICO

A Bíblia é um livro perfeito, pois revela o caráter santo de Deus, mas ao mesmo tempo revela a maldade do coração humano.

2.1. Exemplos Bíblicos
No quesito relacionamentos interpessoais a Bíblia está repleta de exemplos, vejamos:
a) Caim assassinou seu irmão Abel (Gn 4.1-16);
b) Os pastores de Abraão e de Ló começaram a se desentender, resultando em disputa entre famílias (Gn 13.5-12);
c) Os discípulos de Jesus discutiam sobre quem seria o maior no reino de Deus (Lc 22.24);
d) Os cristãos helenistas (gregos) murmuravam contra os cristãos judeus acerca da distribuição diária (At 6.1);
e) O próprio apóstolo Paulo e João Marcos teve um sério problema de relacionamento interpessoal (At 15.36-39)

2.2. Ensinamentos bíblicos sobre relacionamentos interpessoais
A Bíblia não apenas nos mostra os casos de problemas de relações interpessoais, mas nos apresenta diversos ensinamentos para um excelente aprendizado sobre relacionamentos interpessoais. Vejamos três lições muito importantes:
i. Um relacionamento interpessoal começa com Jesus Cristo.
Jesus é o nosso modelo por excelência. Em João 13.1b diz assim: “como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Jesus amava os seus discípulos intensamente. Ele não viva acusando-os ou apontando os seus defeitos, mas os ensinava pelo exemplo.
a) Jesus gostava de estar com as pessoas (Mt 5.1).
b) Jesus não tinha preconceitos nem discriminava (Jo 4.1-7)
c) Jesus atendia tanto a pobres quanto a ricos (Mt 8.1,2,5,6; Lc 19.1-10)
d) Jesus não comia somente com os seus discípulos, mas também com os pecadores (Mt 9.10-13)
e) Jesus preferia curar e perdoar ao invés de julgar e matar (Jo 8.1-11; Lc 19.10)
f) Jesus não concordava com o erro mas amava os pecadores (Jo 8.11)
Quando ele voltou para o Pai deixou marcas profundas na vida daqueles que amou.
ii. Um relacionamento interpessoal ideal começa dentro de nós
Quando o interior das pessoas muda, essa mudança se manifesta no seu comportamento exterior. Para que exista verdadeira paz nos relacionamentos, é preciso que haja paz no coração dos indivíduos (Ef 2.11-22; 4.17-32).
iii. Um relacionamento interpessoal ideal envolve determinação, esforço e habilidade
O texto de Romanos 12.9-21, contém alguns imperativos para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. No versículo 18 está assim registrado: “se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. É preciso antes de tudo querer, quase sempre isso tem um preço a ser pago. A renúncia pode ser um desses, abrir mão de você mesmo pelo bem do outro. O capítulo 2 de Filipenses mostra como deve ser o relacionamento entre as pessoas a partir do exemplo de Jesus, que esvaziou a si mesmo por pecadores como nós. “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual, também, para o que é dos outros” (Fl 2.4).

3. Atitudes que podem prejudicar o nível dos relacionamentos:

· Inclinação egoísta de ser notado, de dominar, de tentar impor a própria vontade, de ter prestígio, poder ou posição de destaque;
· Sentimento amargo, radical, que não compreende nem perdoa;
· Tendência ao excesso de crítica e ao prévio julgamento dos outros;
· Insegurança, envolvendo sentimentos de ameaças;
· Relutância em confiar nos outros;
· Preconceitos;
· Recusa ou incapacidade de abrir-se e compartilhar seus sentimentos e pensamentos;
· Indisposição para reconhecer as diferenças individuais (nem todo mundo pensa, sente, vê as coisas como eu vejo).[1]

4. Diferentes Níveis de Comunhão

A pergunta que queremos fazer inicialmente nesta lição é: Você pode medir o seu grau de comunhão com o seu próximo? Veja abaixo os diferentes níveis de comunhão e, enquanto você os observa tente ver em quais desses você se enquadra nos seus relacionamentos interpessoais.

1) INDIFERENÇA – “NÃO ESTOU NEM AÍ PRÁ VOCÊ!”
2) DISTANCIAMENTO – “NÃO VOU ME MISTURAR COM GENTE COMO VOCÊ!”
3) APROXIMAÇÃO – “SERÁ QUE EU POSSO FAZER PARTE DESTE GRUPO?”
4) CONHECIMENTO – “ESTOU INTERESSADO EM SABER COMO ISSO FUNCIONA!”
5) ENVOLVIMENTO – “ESTAREI REALIZADO SENDO ÚTIL A ESTE GRUPO”

5. Conclusão


A comunhão com os outros crentes é tão necessária para a saúde e vida espiritual como a água é para o peixe, o ar para o pássaro e a comida para todo o ser humano. Sem ela, nós logo morremos. Tenho visto muito cristãos secarem e morrerem espiritualmente por decidirem que não precisavam mais da comunhão com os outros cristãos.” (Sammy Tippit)

REVISÃO
1) Onde começa o nosso relacionamento interpessoal?
2) Você já identificou em que nível anda a sua comunhão?
[1] OLIVEIRA, Manoel Dias de. Tratando da Personalidade: um guia teórico e prático de aconselhamento cristão. Belo Horizonte: Mandamentos, 2003. Pg. 60.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

COMUNHÃO CONSIGO MESMO




1. INTRODUÇÃO

Um aspecto importante da vida em comunhão consiste em como nós enxergamos a nós mesmos. Isso irá determinar o nosso relacionamento com o nosso próximo, e pode ainda afetar a forma como vemos a Deus e nos aproximamos dele. O segundo mandamento, amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22.39), expressa exatamente esta idéia: a qualidade do seu amor aos outros depende do quanto você ama a si mesmo.

2. CONHENDO A SI MESMO

2.1. Conhecendo minha natureza
Geralmente quando nasce uma criança alguém diz: “É um anjinho!”. Mas será mesmo? A Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.23). O salmista Davi disse que em pecado ele foi concebido (Sl 51.5). Essa, portanto, é a nossa condição: somos pecadores. Não temos como negar essa realidade. Nossos pensamentos, palavras e atitudes estão mostrando o tempo todo que nossa natureza corrompida. Em Gênesis 6.5 diz que a imaginação do coração do homem é má continuamente, o capítulo 8.21 acrescenta: “desde a meninice”. Portanto, não nascemos anjinhos, mas “pecadorzinho”. Nascemos com todas as potencialidades para pecar, esperamos só uma oportunidade para isso.

2.2. Conhecendo nosso “coração”
Conhecer nosso coração não é tarefa fácil, nem tampouco agradável. Em Jeremias 17.9 o profeta nos diz que o coração humano é enganoso, mais do que todas as coisas, além disso, ele é perverso; quem pode conhecê-lo? Jesus afirmou que é do coração do homem que saem toda espécie de pecados: homicídio, adultério, prostituição, roubo, mentira, calúnia, etc.(Mt 15.18-20). O autor de Provérbios diz-nos para guardar o coração, pois dele procedem as saídas da vida (Pv 4.23). A versão Bíblia Viva expressa melhor essa idéia: “Acima de tudo, meu filho, tome cuidado com suas emoções porque elas afetam toda a sua vida”. É por isso que no mesmo livro de Provérbios Deus pede: “dá-me o teu coração” (Pv 23.26). Podemos traduzir assim: Deixe que os meus conselhos, minhas instruções te guiem no caminhão da retidão, não siga os seus impulsos, suas emoções.
“Nossas emoções nos fazem conhecer quem somos e nos levam a fazer as coisas que fazemos”.[1]

2.3. Duas Naturezas
Antes de experimentarmos o novo nascimento operado em nós mediante o Espírito Santo éramos dominados pelo pecado, pela carne (Rm 7.5); estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Mas um dia algo extraordinário aconteceu em nossa vida, pela misericórdia e amor de Deus, não por sermos justos, Ele nos salvou por meio do Seu Espírito, que foi derramado em nós por Jesus (Tt 3.4-7; Ef 2.8-10). Na Bíblia isso é chamado de “novo nascimento” (Jo 3.3,7), “nova natureza” (2 Pe 1.4), “novo homem” (Ef 2.15; 4.24), “nova criatura” (2 Co 5.17; Gl 6.15). Tudo se torna novo.
Parece estranho, mas esta nova natureza não eliminou a natureza pecaminosa que antes nos dominava. Agora temos duas naturezas opostas entre si. Deus permitiu que isso fosse assim para que continuássemos a usar a liberdade com que nos criou. Somos livres para escolher pecar ou não pecar (Leia Gálatas 5).

2.4. Examine a si mesmo
Conhecer a nossa natureza é um exercício que nos ajuda a entender porque agimos como agimos. Nos capita ainda a sermos humildes. Quando fazemos isso percebemos o quanto somos dependentes de Deus e quão miseráveis somos sem Ele.
Quando começamos a examinar o nosso próprio coração, isto é, a nossa natureza, perceberemos quais traços do nosso caráter precisam ser mudados, que hábitos devemos deixar, quais pecados precisamos abandonar. Não é à toa que a Bíblia nos convida a examinarmos a nós mesmos (2 Co 13.5; 1 Co 11.28).
Ao se fazer este auto-exame, ao invés de pedirmos e exigirmos que os outros mudem, a mudança começará a partir de nós mesmos.
“Quase sempre nos queixamos dos outros. Mas se quisermos a paz, temos de começar por mudar nós mesmos, evitar as pequenas e as grandes guerras sem esperar que os outros mudem.” (Albano Nogueira)
3. Amando a si mesmo
Sem uma correta compreensão de nós mesmos não conseguiremos amar-nos de forma equilibrada. Quando isso não ocorre podemos pender para um dos dois lados: ou caímos num complexo de inferioridade, nos achando as piores pessoas do mundo, ou adotamos uma postura narcisista em que nos tornamos o centro do universo idolatrando a nós mesmos. Essas duas tendências, portanto, desviam as pessoas do verdadeiro amor a si mesmo. Vejamos abaixo algumas implicações do amar a si mesmo:
3.1. Quando experimentamos o gracioso amor de Deus somos capazes de amar a nós mesmos. Mesmo sendo nós miseráveis pecadores, Deus nos amou dando-nos Seu Filho para morrer em meu lugar (Rm 5.8; Jo 3.16). Como não amaria alguém que me ama tanto!
3.2. Ter sido feito imagem e semelhança de Deus é um grande motivo para nos amarmos. Somos a coroa da criação, formados pelas mãos do próprio Deus, é isso que nos torna especiais.
3.3. Só é capaz de amar a si mesmo aquele que reconhece quem ele é. A natureza pecaminosa que insiste em querer comandar a nossa vida é mortificada a cada dia pela presença do Espírito de Deus em nós.
3.4. Aquele que ama a si mesmo sabe qual o seu objetivo neste mundo: Amar outras pessoas. Amar a si mesmo não é egocentrismo. “Quando disse: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo’, Jesus estava explicando que só pode amar os outros quem se ama. O amor a si mesmo não pode estar separado do amor aos outros; um depende do outro.” [2]
3.5. Amar a si mesmo não é narcisismo. Existem pessoas que são tão apaixonadas por elas mesmas que chegam ao ponto de desprezar os outros. Pessoas assim julgam-se grandiosas e possuem necessidades de admiração e aprovação de outras pessoas em excesso.
3.6. Aquele que ama a si mesmo tem o poder de se transformar. Ele não se conforma com o pecado, não permite que os maus hábitos interfiram em seus relacionamentos interpessoais. Pelo fato de se conhecer, ele possui domínio próprio, capaz até mesmo de domar seus temperamentos e sua personalidade, visando o bem estar da coletividade.
3.7. Quem ama a si mesmo, ama a Deus acima de todas as coisas inclusive dele mesmo. O primeiro mandamento precisa ser sempre o primeiro: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS. Jesus disse que quem amar pai, mãe, irmãos, mulher, filhos, mais do que a Ele não é digno dele (Mt 19.29; Lc 14.26). A prioridade é sempre dele.

4. CONCLUSÃO
Conhecer a si mesmo é imprescindível para estabelecermos um melhor relacionamento com nós mesmos e com os outros. Quando reconhecemos a existência de uma natureza corrompida pelo pecado em nós e permitimos que a graça de Cristo entre em nossa vida, perdoando-nos e renovando-nos, somos conduzidos a uma nova visão de nós mesmos e dos outros. Tornamos-nos mais dependentes de Deus e mais aptos para amar o nosso próximo, pois nos identificaremos com eles.

REVISÃO
1) Porque é importante conhecer a nossa própria natureza?
2) O que significa amar a si mesmo?
[1] BAKER, Mark W. Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro: Sextante, 2005. Pg. 124.
[2] Idem, pg. 185.

segunda-feira, 29 de março de 2010

COMUNHÃO COM DEUS

1. INTRODUÇÃO

O ser humano foi criado para viver em comunhão com o Seu Criador. O salmista diz que Deus criou o homem um pouco menor do que os anjos e o coroaste de glória e honra (Sl 8.5). O ser humano, portanto, é a obra prima de Deus. Após ter feito todas as coisas colocou o homem no jardim para que administrasse todas as coisas.
Para compreendermos a relação do ser humano consigo mesmo e com o outro, é preciso antes de tudo pensar no relacionamento pessoal entre o homem e Deus. A forma como a pessoa se relaciona com Deus irá determinar o nível de envolvimento com o seu semelhante.

2. CRIADO À IMAGEM DE DEUS

Deus criou o ser humano pensando no relacionamento que ele poderia ter com sua criação. Ele não criou uma máquina, ou uma marionete que ele pudesse manipular. Deus criou alguém com quem ele pudesse conversar, compartilhar seus sonhos e projetos.
O ser humano foi criado imagem e semelhança de Deus. Mas em que consiste essa “imagem” e “semelhança”?
2.1. O homem é um ser racional (Gn 2.19,20) – somente o ser humano é capaz de pensar sobre a sua própria existência. Diferentemente dos animais o homem é capaz de criar e interpretar o mundo que o envolve.
2.2. O homem é um ser moral (Gn 2.17) – Deus criou o ser humano com a capacidade de escolher entre o certo e o errado, o bem e o mal.
2.3. O homem é um ser responsável (Gn 3.9-13) – O ser humano é responsável diante de Deus, e da sociedade em que vive de todas as suas ações, sejam elas boas ou más, e é baseado na responsabilidade humana que Deus o julga.
2.4. O homem é um ser “espiritual” (Ec 3.11) – A Palavra de Deus diz que Deus colocou a eternidade no coração do homem. O espírito humano busca o Seu Criador. O homem cria a religião com esse propósito de encontrar-se com Deus. O ser humano tem sede de Deus (Sl 42.1).
Por que os homens são feitos à imagem de Deus? O caráter e as ações de Jesus serão um guia especialmente valioso nessa questão, já que ele foi o exemplo perfeito do que deveria ser a natureza humana:
a. Jesus tinha perfeita comunhão com o Pai. Enquanto estava na terra, comungava com o Pai e falava freqüentemente com Ele. A comunhão deles é vista com maior clareza na oração sacerdotal em João 17. Jesus falou sobre como ele e o Pai são um (v.21,22). Ele glorificou o Pai (1.1,4), e o Pai o glorificou e o glorificaria (v.1,5,22,24).
b. Jesus obedeceu perfeitamente à vontade do Pai. No Jardim do Getsêmani, Jesus orou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia no se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Aliás, em todo o seu ministério, a vontade dele era subordinada (Jo 4.34; 5.30; 6.38).
c. Jesus sempre demonstrou um grande amor pelos homens. Note, por exemplo, seu interesse pelas ovelhas perdidas de Israel (Mt 9.36; 10.6), sua compaixão pelos doentes (Mc 1.41) e aflitos (Lc 7.13), sua paciência e perdão para os que haviam falhado.
É intenção de Deus que um senso semelhante de comunhão, obediência e amor caracterizem nosso relacionamento com Deus e que os homens estejam ligados uns aos outros pelo amor. Somos completamente humanos apenas quando manifestamos essas características.[1]

3. APEREFEIÇOANDO NOSSA COMUNHÃO COM DEUS

3.1. Deixe Deus falar com você através da Palavra.
Aqui queremos destacar o estudo e a aplicação da Palavra de Deus à vida diária. O Salmo 119 é um longo hino dividido em 22 estrofes que exaltam a Palavra de Deus. Ali são usados vários sinônimos para descrevê-la: lei, juízos, estatutos, testemunho, preceitos, mandamentos, etc. Muitos adjetivos a qualificam: perfeita, fiel, reta, pura, limpa, verdadeira (Sl 19.8,9).
A Palavra de Deus refrigera a alma, dá sabedoria aos simples, alegra o coração, ilumina os olhos. Vale a pena, portanto, confiar na Palavra de Deus.
Deus fala conosco através das Escrituras. 2 Timóteo 3.16 diz que a Palavra de Deus é útil para ensinar, repreender, corrigir e instruir na justiça. No versículo anterior (15) ele diz que é esta mesma Palavra que produz salvação pela fé em Jesus (Rm 10.17).
Nós somos exortados ainda a não nos apartar da Palavra de Deus (Js 1.8), a meditar nela dia e noite (Sl 1.2), a guardá-la no coração para não pecar (Sl 119.11), a sermos cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes (Tg 1.22).
Em Hebreus 4.12 a Bíblia é comparada a uma espada de dois gumes, que é capaz de penetrar profundamente na mente e coração humanos, iluminando a nossa consciência e revelando os nossos pecados.

3.2. Fale com Deus através da oração.
Oração não é meramente falar com Deus, e sim ter comunhão com Ele. Quando estudamos ou ouvimos as Escrituras permitimos Deus falar conosco. Quando oramos Deus permite que falemos com Ele. Oração, portanto, é comunhão com Deus. É a criatura se aproximando em amor e adoração do Seu Criador.
Tanto Jesus quanto os apóstolos nos ensinaram a termos uma vida de constante oração. Jesus é o exemplo por excelência de alguém que prioriza a oração. Ele não tomava nenhuma decisão sem antes ter passado um tempo em oração (Lc 6.12,13; 26.36). Ele repreendeu os seus discípulos por não priorizarem momentos de oração (Lc 22.45,46; Mt 17.21), e também os ensinou a orar (Mt 6.9).
O apóstolo Paulo não apenas exortou a igreja a orar (2 Co 1.11; Ef 6.18; 1 Ts 5.17; Fl 4.6), mas ele mesmo possuía uma vida intensa de comunhão com Deus por meio da oração (Rm 1.10; Ef 1.16; Fl 1.4).
“A oração reside no cerne da vida cristã. Ser cristão não é cumprir especialmente uma série de deveres; é ter um relacionamento com Jesus Cristo. E o caminho mais característico para esse relacionamento se expressa na oração”.[2]

4. CONCLUSÂO

A Palavra de Deus sempre nos chama a buscarmos a Deus (Is 55.6; Jr 29.13; Mt 6.33), ela também afirma que Deus não está longe de nós (Sl 46.1; Is 59.1,2). Assim, Deus é quem está mais interessado em que tenhamos comunhão com Ele, pois foi para esse fim que Ele nos fez à sua imagem e semelhança. Se nós seguirmos o exemplo de Jesus então a nossa comunhão com Ele será aperfeiçoada. Através do Bíblia (Palavra de Deus) e da oração conheceremos melhor a Deus e seremos por Ele conhecido em todas as nossas necessidades.

REVISÃO
1) Que características o homem possui que revelam a imagem de Deus nele?
2) Qual a relação entre o Estudo da Bíblia e a oração para a uma vida de comunhão com Deus?



[1] ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. Pg. 223-4.
[2] KEELEY, Robin (org.). Fundamentos da Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 2000. Pg. 242.

terça-feira, 16 de março de 2010

VIVENDO EM COMUNHÃO

1. INTRODUÇÃO

Comunhão, o que é isso? Muitas igrejas têm sofrido o que podemos chamar a crise da comunhão, onde os irmãos tem se distanciado cada vez mais uns dos outros. Algumas vezes até se tem a impressão de que a comunhão está prevalecente, no entanto, quando se observa atentamente percebe-se o quão distante estamos do propósito de Deus para seus filhos e filhas. Se a igreja, portanto, manter essa postura perderá o rico privilégio que o Senhor nos confiou de atrairmos as pessoas para Ele, pelo contrário as afastaremos ainda mais da vida eterna que Deus pretende lhes dar.

2. Definindo Comunhão

A palavra comunhão vem do grego koinonia, que no Novo Testamento possui o sentido de associação, fraternidade, relacionamento íntimo, generosidade, participação, partilha[1], entre outros. Assim, comunhão (koinonia) é aquele aspecto da vida que nos faz ver o outro como parte integrante de nós mesmos. Envolve todas as dimensões da vida. Comunhão é participar da vida do outro.
2.1. Comunhão como associação (Gl 2.9; 1 Co 1.9) está relacionada aos interesses comuns de um grupo. A questão aqui é a seguinte: em torno de que eu devo me juntar a você? Existe aqui algo em comum entre eu e o outro. Esses interesses podem estar relacionados a esporte, cultura, artes, religião, etc.
2.2. Comunhão como relacionamento íntimo (2 Co 13.13; Fl 2.1) é o quanto eu posso me aproximar do outro sem ser por ele excluído. É o dar-se a conhecer ao outro e ser pelo outro conhecido.
2.3. Comunhão como participação (At 2.42; 1 Co 10.16; Fl 1.5) é o envolvimento na vida da comunidade. Somos chamados à comunhão não para sermos meros assistentes, passivos, mas participantes ativos. Por exemplo, Deus dá dons à igreja para que haja edificação mútua, isto é, participar de modo a contribuir para o crescimento da comunidade.
2.4. Comunhão como partilha (At 2.45; 2 Co 8.3,4) é ser generoso, é dar sem esperar receber nada em troca. É contribuir para o bem estar da comunidade.
A seguir veremos três dimensões da vivência em comunhão:

3. TRÊS DIMENSÕES DA COMUNHÃO

A comunhão do ponto de vista cristão possui três dimensões. Juntas irão determinar o modo como nos relacionamos. Quando uma delas está deficiente altera substancialmente as outras. Essas dimensões, portanto, são interdependentes. São três essas dimensões da vida em comunhão: comunhão com Deus, comunhão consigo mesmo, comunhão com os outros.

3.1.1. COMUNHÃO COM DEUS
Essa dimensão é essencial para que a comunhão consigo mesmo e com os outros ocorra de forma saudável e harmoniosa. No Éden Deus vinha na virada da tarde conversar com Adão (Gn 3.8). O ser humano gozava de uma perfeita comunhão com Deus. O homem foi criado imagem e semelhança de Deus exatamente para estar em comunhão com Ele (Gn 1.26,27). Existe uma expressão tanto no Antigo Testamento quanto no Novo que expressa muito bem essa idéia de comunhão com Deus: ANDAR COM DEUS. Vejamos alguns exemplos:
a) “Andou Enoque com Deus (...). Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si”. (Gn 5.22a, 24)
b) “Eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus”. (Gn 6.9)
c) “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. (Gn 17.1)
Assim, andar com Deus é estar em comunhão íntima com Ele. É compartilhar com Ele cada passo que nós damos, mas acima de tudo, é caminhar cada passo que Ele dá.

3.1.2. COMUNHÃO CONSIGO MESMO
A segunda dimensão está relacionada ao modo como agimos a nosso próprio respeito. O modo como nos relacionamos com nós mesmos irá determinar em muito como tratamos os outros. “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.39) expressa exatamente essa realidade, o quanto você se ama será o quanto você será capaz de amar os outros.
Um dos aspectos da comunhão com você mesmo é a capacidade de conhecer a si mesmo. Conhecer suas limitações, seus pontos fracos e seus pontos fortes. Muitas pessoas nutrem um sentimento de inferioridade que o impede de desfrutar uma comunhão plena com os outros. Ele se desvaloriza tanto a ponto das pessoas vê-la e tratá-la a partir do modo como enxerga a si mesma. Comunhão consigo mesmo, portanto, consiste no quanto eu me amo, bem como no quanto eu sou capaz de me conhecer.

3.1.3. COMUNHÃO COM O OUTRO
A terceira dimensão da comunhão é a dimensão horizontal que diz respeito ao relacionamento com o próximo. “Mas quem é o meu próximo?” podemos perguntar com o fariseu (Lc 10.29b). O meu próximo não é apenas aquele que é igual a mim, mas também o que é diferente. É muito fácil sermos amigos, ou mantermos comunhão com alguém que nos identificamos. É claro que não devemos manter comunhão com aquilo que contraria a vontade de Deus. Por exemplo: que comunhão tem a luz com as trevas? Que comunhão entre Cristo e o maligno? Ou o crente e o incrédulo? (2 Co 6.14-16). Não podemos concordar com o pecado, mas precisamos amar os pecadores.
Precisamos ter a consciência de que não somos todos iguais. Somos indivíduos, temos personalidades e temperamentos diferentes, o que não podemos ser é individualistas. O ser humano foi criado para a comunhão. Quando Deus criou Adão criou logo alguém como ele para que não estivesse sozinho (Gn 2.18). A Bíblia afirma que é melhor serem dois do que um, por que se um cair o outro levanta o seu companheiro (Ec 4.9,10).
“Podemos pensar nas cordas do violão: elas não são iguais, mas quando estão afinadas (em comunhão) produzem melodias que alcançam o coração e tocam a alma. A comunhão é isto: estar com o coração afinado e em sintonia com os outros corações que o Senhor colocou em nossa vida. Todos somos chamados a viver e promover a comunhão dentro da comunidade dos cristãos.”

4. CONCLUSÃO

O salmista diz: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1). Ele expressa nesse salmo a alegria da vida em comunhão. É uma experiência maravilhosa quando vivemos em comunhão. Todos ganham com isso. Primeiramente isso alegra o coração de Deus, segundo nos realiza enquanto pessoa, o que nos torna de fato humanos, e por fim nos tornamos canais de bênçãos nas mãos de Deus para abençoar outras pessoas. Vale a pena, portanto, desenvolver uma vida em comunhão.
[1] GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. Edições Vida Nova: São Paulo, 2000. pg. 118

Estou de Volta

Olá! Estou de volta ao blog.
Depois de quase cinco meses!
Mas, é isso mesmo...
Andamos, andamos...
E quase sempre,
Paramos no mesmo blog.
É, paramos para escrever
Tem que ser coisa útil.
Futilidades?........
A Net está cheia.
Bom.....
Deixa eu postar.
Antes que me torne inútil.