quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que Significa Conhecer Jesus?

Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.9)

Conhecer faz parte da natureza humana desde o nascimento. O conhecimento se dá nas intereções com o meio ambiente em que somos criados. Enquanto conhecemos estamos nos fazendo. Por meio do conhecimento compreendemos as relações entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade. Existem diversos tipos de conhecimento: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, conhecimento teológico e conhecimento científico.

O conhecimento empírico surge da relação do ser com o mundo. Todo ser humano apodera-se gradativamente deste conhecimento, ao passo que lida com sua realidade diária. Não há uma preocupação direta com o ato reflexivo, ocorre espontaneamente. É um conhecimento do tipo abrangente dentro da realidade humana. Não está calcada em investigações.

O conhecimento filosófico surge da relação do homem com seu dia-a-dia, porém preocupa-se com respostas e especulações destas relações. Não é um conhecimento estático, ao contrário sempre está em transformação. Considera seus estudos de modo reflexivo e crítico. É um estudo racional, porém não há uma preocupação de verificação.

O conhecimento teológico preocupa-se com verdades absolutas, verdades que só a fé pode explicar. O sagrado é explicado por si só. Não há importância a verificação. Acredita-se que o conhecimento é explicado pela religião. Tudo parte do religioso, os valores religiosos são incontestáveis.

O conhecimento científico precisa ser provado. O conhecimento surge da dúvida e comprovado concretamente, gerando leis válidas. É passível de verificação e investigação, então acaba encontrando respostas aos fenômenos que norteiam o ser humano. Usa os métodos para encontrar respostas através de leis comprobatórias, as quais regem a relação do sujeito com a realidade.

O que significa conhecer? Conhecer não é se intrometer na vida alheia. Não é bisbilhotice. Não é boato. Não conhecemos verdadeiramente pelo que os outros nos dizem, mas pelo encontro pessoal que temos com o outro. Conhecer, portanto, é relacionamento.
Conhecer está relacionado primeiramente com o quanto somos capazes de falar acerca da pessoa que conhecemos. Não conhecer apenas, por exemplo, sua idade, o tamanho do seu manequim, aonde mora, onde trabalha, quanto ganha, qual o seu grau de instrução, qual a sua altura, seu peso... Enfim, não um mero conhecimento matemático, estatístico. Conhecer é também, e principalmente, saber as qualidades da pessoa, qual a comida que o outro mais gosta, seus hábitos, seus hobbies, seus sentimentos, suas alegrias e tristezas... Conhecer é participar da vida do outro. Conhecer é conviver. Não se constitui num saber superficial, mas é mergulhar num relacionamento sincero com o outro. .
Conhecer a Jesus, nesse aspecto, portanto, é o relacionamento que estabelecemos com ele em todas as esferas da nossa vida, não apenas nesse tempo presente, mas por toda a eternidade.

Vejamos algumas implicações de se conhecer a Jesus:

I) Jesus revela em si mesmo a pessoa do PAI. (Hb 1.3) Quem conhece a Jesus, naturalmente conhece o PAI. É impossível chegar-se a um sem necessariamente passar pelo outro. Só é possível chegar a Deus através de Jesus, assim também só é possível chegar a Jesus pela intervenção divina, isto é, Deus dar-se a conhecer ao homem através da pessoa e obra de Jesus (Jo 14.6,7).

II) Conhecer Jesus é muito mais que uma questão de TEMPO. É uma questão de confiança. (Jo 14.9). A quantidade de tempo que temos com uma pessoa diz muito pouco acerca dela. O relacionamento, a intimidade, é fator primordial. Os discípulos andaram com Jesus durante três anos, e ainda assim não o conheciam , como DEUS. Ter muito tempo na igreja não diz muito tempo sobre o nosso relacionamento com Deus, e sim o quão intimo somos dele. O conhecimento de alguém vem com o tempo, é bem verdade, no entanto, quanto mais conhecemos o outro somos capazes de conhecer a nós mesmos. É assim com relação a Deus (JESUS), quanto mais conhecemos a Deus mais conhecemos a nós mesmos, e aqui está o grande problema. Quando a luz de Jesus brilha em nosso coração e percebemos quem nós realmente somos, temos a tendência de ignorar a luz para aliviar a angústia que ela provoca.

III) O conhecimento que o crente (cristão) tem acerca de Jesus não é (nem pode ser) um conhecimento teórico, ou superficial; mas espiritual e profundo (Jo 14.17). O Espírito Santo produz em nós o verdadeiro conhecimento a respeito de Deus-Jesus, pois Ele habita em nós, convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8ss), guiando-nos na verdade (Jo 16.13), nos ensinará todas as coisas e nos fará lembrar de tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (Jo 14.26). Sem o lavar regenerador do Espírito Santo continuamos alheio a Deus e a sua vontade (Tt 3.4-7).

IV) Conhecer Deus-Jesus, implica em cumplicidade (Jo 14.20). Deus-Jesus-Nós. Jesus conhece a Deus, portanto, torna-se um só com Ele. Se nós conhecemos a Jesus nos tornamos um só com Ele. Isso significa que a nossa vida deixa de ser de nós mesmos para ser dele. Nós o imitaremos. Faremos as mesmas obras que Ele fez, até maiores (Jo 14.11,12). Conheceremos a sua vontade e pediremos(falaremos) a(com) Ele segundo a sua vontade e não a nossa (Jo 14.13,14; cf. 1 Jo 5.14ss). acima de tudo, guardaremos toda a sua Palavra, praticando-a (Jo 14.15,21,23,24).

Conhecer Jesus é uma experiência transformadora. Cada passo que damos ao Seu lado aprendemos mais acerca do Seu caráter, e também conhecemos muito mais a nós mesmos. Conhecendo Jesus, isto é, estando em um relacionamento profundo com Ele, minha mente e meu coração são desvendados diante Dele. Percebo minha natureza corrompida, e o quanto sou miserável, e isso dá-nos a consciência de quanto dependemos da Sua graça. Conhecer Jesus nos faz lembrar que somos humanos, pecadores, mas ao memso tempo nos remete à vida do nosso Mestre, que "não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se" (Fl 2.6), que se "tornou carne e habitou entre nós" (Jo 1.14), que "em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 2.17; 4.15). E é isso que nos motiva a continuar prosseguindo em conhecê-lo ainda mais.




terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Reflexões para um novo Ano Novo


Ontem no último culto do ano aqui na PIB em Salobrinho (Ilhéus-BA) preguei em Hebreus 10.1-4, e quero compartilhar algumas lições aprendidas ali como reflexões para o ano novo.
"Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados." (Hb 10.1-4)
O texto fala acerca do dia da Expiação, quando o sumo sacerdote do antigo pacto entrava uma vez a cada ano para oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados e os da nação. Era o único momento em que o sumo sacerdote, e apenas ele, entrava no santo dos santos onde se encontrava a arca da aliança. O autor de Hebreus vai mostrar que isso era apenas sombra de um sacrifício superior, realizado uma única vez para sempre pelo Supremo Sumo Sacerdote, Jesus.
Mas quais as lições que extraímos do texto citado?
Lição nº 1 - Os sacrifícios contínuos que fazemos a cada virada de ano não são eficazes para a real mudança de vida que necessitamos. A cada ano repetem-se os mesmos rituais, as mesmas promessas, e parece que continuamos cometendo os mesmo erros de sempre. Presentes, comemorações, fogos de artifícios, usar branco, palavras... Perdem o sentido... sacrifícios vazios... "sacrifícios de tolos". Repetições vazias... A cada novo ano faz novas promessas... esquecida a maior parte do ano. Ouvi de uma igreja em que à meia-noite do dia 31 de dezembro, no culto ,independente do pregador está pregando ou um grupo musical cantando, parte da igreja se ajoelhava ritualisticamente, para receber o ano novo de joelhos...  Ao povo de Israel Deus continuamente ficava extremamente irado com sua hipocrisia, a ponto de abominar seus sacrifícios, seus cultos (Is 1). "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" (Is 29.13).
Precisamos ouvir novamente, a voz do profeta Miquéias: "Com que me apresentarei ao SENHOR, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6.6-8).
Lição nº 2 - Os sacrifícios que realizamos a cada novo ano servem apenas para suscitar a culpa e acrescentar novas desculpas. Era para isso que servia o dia da expiação para que o povo recordasse dos pecados. Para que servem as comemorações de fim de ano? Ao fim de cada ano lembramos (se lembramos?) do que deixamos de fazer no ano findo. E com isso, caso não tenhamos alcançado os alvos estabelecidos no final do ano anterior, surgem variadas justificativas pelas quais não realizamos os alvos propostos para aquele ano. E isso fazemos repetidamente a cada novo ano. O ciclo se repete, e continuamos os mesmos. Achamos que um dia no ano é capaz de expiar os nossos pecados cometidos durante todo o ano, como o faziam o povo hebreu. Esse sacrifício anual, é inútil para isso.
Mas como podemos encarar o novo ano que se inicia e como devemos chegar ao final dele?
Primeiro voltemos a Hebreus. Cristo cumpriu todas as coisas por meio do Seu sacrifício no calvário. Sua morte foi suficiente para nós. Nossa natureza corrompida foi redimida através da fé no Seu sacrifício vicário. Cristo assume o nosso lugar, "o castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5). Cristo realizou um sacrifício eficaz! Uma vez para sempre! O nosso Supremo Sumo Sacerdote, cumpriu em si mesmo toda a justiça de Deus. Mas o que isso tem a ver com o final do ano e o começo de mais um ano?
Isso tem a ver com o propósito para o qual existimos. Nós fomo criados para a glória de Deus. Cristo nos salvou para que o propósito eterno de Deus se cumprisse, de reconciliar o homem por meio de Seu Filho. "E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus." (Colossenses 1.20). Paulo escreve em Efésios que a finalidade da nossa eleição e redenção em Cristo é para sermos para o louvor da Sua glória. O que somos, ou o que fazemos deve necessariamente, refletir a imagem de Cristo.
Portanto, todas as nossas ações devem redundar em louvor a Deus. Jesus disse que os seus discípulos são a luz do mundo, e o são para que a glória de Deus seja vislumbrada no mundo (Mt 5.16).
Outro aspecto importante a ser lembrado a partir desta visão da glória de Deus em nós, é que as promessas que fazemos a cada fim de ano perdem o sentido aqui. Ao invés de promessas e juras infundadas e infindas, precisamos mirar no propósito de que existimos para a glória de Deus. O apóstolo Paulo escreve: "Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31). Passar na faculdade, ser um esposo ou esposa melhor, concluir aquele curso, aquele projeto inacabado, o propósito não deve ser a sua realização pessoal, ou profissional, não deve ser essa a motivação, mas o quanto Deus será glorificado através disso. Portanto, é inútil promessas de fim de ano, o que será contado ao final de cada 12 meses é o quanto Deus foi exaltado através da minha vida. O que será contado, e isso terá valor eterno, é se o que você realizou durante o ano cumpriu o propósito de Deus por meio de você.
É preciso lembrar mais um elemento importante. Muitas das promessas que fazemos anualmente tem a ver com deveres imprescindíveis. Fazer o bem, ou o que é bom, não deve fazer parte de nossas resoluções para o próximo ano. Não, isso não é heresia. O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para isso: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas." (Efésios 2:8-10). Fazer o bem é nosso dever, especialmente para os salvos. Não devo desejar fazer o bem, devo sim fazê-lo como resultado da graça de Cristo. A glória de Deus é vista em nós quando cumprimos o propósito para o qual fomos chamados ("para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus").
Quero concluir essas reflexões com o texto de Tiago 4.13-17:
"Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."